Em 2017, quando a Cosulati já estava em meio à crise financeira, a cooperativa possuía mil produtores diretos de leite e 2,5 mil indiretos. Com o encerramento da Danby Cosulati, o número de produtores caiu para 866 em toda a região Sul. Por isso, o anúncio do investimento de R$ 120 milhões pela empresa Oz.Earth e a reativação da fábrica de laticínios, caso se concretizem, são vistos como uma oportunidade de ampliação da cadeia do leite.
Os produtores que continuaram na atividade leiteira, apesar do fechamento da Cosulati, têm atualmente como principais compradores do produto a cooperativa de laticínios de São Lourenço do Sul, Coopar Pomerano, a Coptil, de Hulha Negra, e a Coperforte, de Santana do Livramento. Além disso, o leite é comercializado para empresas maiores, como a CCGL e a Lactalis.
Para a pesquisadora de qualidade do leite da Embrapa Clima Temperado, Maira Zanela, a reabertura da fábrica da Cosulati, que inicialmente teria produção de leite em pó, seria uma oportunidade de ampliar a atual produção da cadeia e incentivar antigos produtores a retornarem à atividade.
No entanto, Maira destaca que o processo levaria tempo e necessitaria de incentivo da própria empresa na produção rural. “Retomar a atividade leiteira não é tão simples, porque precisa de animais, de alimentação, de pastagens; requer uma infraestrutura para retomar essa atividade novamente.”
Cenário favorável
Além da rentabilidade assegurada pela garantia de compra da cooperativa, outro fator decisivo para a expansão da cadeia leiteira são as condições favoráveis da região Sul.
Ela destaca o clima, o suporte tecnológico oferecido pelo Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento em Pecuária Leiteira (Sispel), da Embrapa, e a facilidade de escoamento da produção na localidade.
“Vai depender um pouco de incentivar aqueles produtores que pararam, para que retomem a atividade, porque existe uma oportunidade muito grande de produção aqui”, afirma.
Da mesma forma, o professor do curso de Zootecnia da UFPel e responsável pela disciplina de bovinos de leite, Rogério Bermudes, ressalta que a reabertura da fábrica de laticínios e a volta da atividade industrial tendem a gerar novos estímulos para os produtores e para a economia local. “Com o restabelecimento do laticínio, é plausível que, ao longo do tempo, seja possível alcançar novamente os níveis de produção observados antes da quebra da cooperativa”, diz.
Na mesma linha da pesquisadora da Embrapa, o professor da UFPel detalha que essa perspectiva se apoia nas condições favoráveis da região, “que apresenta boa distribuição de chuvas ao longo do ano, solos adequados, disponibilidade de áreas para a produção leiteira, genética de qualidade nos rebanhos e suporte técnico consistente oferecido por instituições de ensino, pesquisa e empresas do setor.”