Com os baixos índices de vacinação dos grupos de risco, o município de Pelotas busca desenvolver alternativas para reverter o cenário atual. A medida foi pensada após a baixa adesão ao Dia D de Multivacinação, no último sábado, que aplicou 5.743 doses – apenas 28% da meta para a ocasião. A baixa imunização preocupa quanto ao reaparecimento de casos de doenças já erradicadas.
Ainda sem data de divulgação, o novo plano está em desenvolvimento e deve alinhar métodos para as próximas campanhas. A primeira reunião aconteceu ontem, reunindo a secretária Municipal de Saúde, Ângela Vitória Moreira, técnicos da Epidemiologia e profissionais da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS).
A diretora de Vigilância em Saúde, Vera Neto, acredita que serão necessárias medidas pontuais e mais rígidas, principalmente aos públicos-alvo. Ela aponta para o acionamento do Ministério Público e dos Conselhos Tutelares para notificar responsáveis por crianças e idosos. “As crianças não têm culpa se os pais esquecem ou não querem levar. (…) Vacinamos 51% da população idosa do município (contra influenza), mas ainda é baixo”, afirma ela.
Ações sem resultado
A prefeitura de Pelotas já realizou quatro campanhas, além das ações extramuros e em UBSs. Mesmo com 51 espaços disponíveis, o Dia D não atingiu a meta de 20 mil doses. No Laranjal, por exemplo, o trailer recebeu apenas 13 pessoas. “É montada toda uma estrutura com servidores, o que gera custo alto para o município. É muito frustrante. O poder público está fazendo além”, lamenta Vera.
Segundo ela, os grupos prioritários são os que menos se vacinam. “Crianças vacinamos pouquíssimo, e gestantes também. Agora, o público da faixa dos 20 anos, que não é prioritário, a procura foi muito grande”, relata.
Perigos
A situação não é exclusiva de Pelotas. O Brasil voltou ao ranking de crianças não vacinadas, segundo relatório da OMS e Unicef, o que impacta na volta de doenças antes controladas. Em 2024, o país registrou 7.440 casos de coqueluche e mantém alta a letalidade do tétano, com mais de 600 casos nos últimos três anos.
Vera lembra o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que levou o município a decretar emergência em saúde pública. “O que nós sentimos muito é que tem vacina disponível. Se não tivesse ou houvesse apenas uma UBS, mas há vários pontos na cidade. É uma questão de consciência”.
O cenário também preocupa em Rio Grande, que já registrou 485 hospitalizações por SRAG em 2025, 215 a mais que no ano anterior. O último boletim da Vigilância em Saúde apontou 69 mortes e apenas 39,6% da população vacinada contra a gripe. Entre os grupos prioritários, a cobertura chegou a 56,3%.
A diretora reforça a necessidade de usar os imunizantes como prevenção, antes de situações drásticas. “(Na pandemia) a população começou a procurar e entrou em desespero porque não tinha acesso à vacina. Só que não podemos pensar assim, temos que agir na prevenção, no cuidado”.