A enchente de maio de 2024, que atingiu 471 municípios gaúchos, e fez com que milhares de pessoas da Zona Sul precisassem deixar suas casas, também trouxe a necessidade de aprimoramento dos alertas para as defesas civis. A análise é do coordenador regional do órgão, Márcio Facin, que destaca a integração entre órgãos como diferencial de atuação.
Desde o desastre climático do ano passado, os órgãos de segurança, secretarias e a imprensa da região têm atuado de forma conjunta, segundo Facin, para construir as ações de resposta, de reconstrução e garantir que a população seja informada do processo, além de alertada caso novos riscos sejam detectados. “Melhoramos muito em relação a 2024. Hoje as pessoas dão mais atenção para esta pauta e tenho certeza que, se acontecesse de novo, a nossa comunidade estaria melhor preparada, por ter vivenciado, aprendido a lidar, assim como nós da Defesa Civil também”, garante.
Para a precisão dos alertas que são emitidos pela Defesa Civil Regional e para a estruturação das ações de resposta dos municípios, os órgãos contam com o apoio das universidades da região. Márcio Facin destaca que a integração, em especial com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) é um fator muito forte para o sucesso do trabalho que vem sendo realizado. “Nós estamos muito mais avançados no diálogo e ação, usando a informação que é produzida pela ciência para aprimorar a nossa orientação para a comunidade”, diz.
Cultura de desastres
Nos últimos anos, os desastres climáticos estão mais frequentes e, por estarem mais presentes no cotidiano, passaram a ser mais abordados e a gerar um maior interesse por parte da população. No entanto, na avaliação do responsável pela Defesa Civil Regional, ainda há a necessidade de uma cultura voltada para a proteção em caso de eventos climáticos adversos.
Facin também aborda que, ao receberem alertas, ao invés de priorizarem a integridade física e sua segurança, as pessoas saem dos locais seguros e percorrem as ruas para chegar em suas casas o quanto antes. “Isso é exatamente o caminho inverso da proteção. Normalmente os temporais são rápidos e os alertas são emitidos com antecedência. Os desastres vão continuar intensos nos próximos anos, então precisamos saber como lidar com eles.”
Pesquisa
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul está realizando a pesquisa “Percepção de Riscos de Desastres Naturais pela População Gaúcha”. O objetivo é entender como os cidadãos percebem os riscos e melhorar os canais de comunicação e alertas.
Qualquer pessoa pode responder as questões e garantir a ajuda para o aprimoramento da comunicação dos protocolos para desastres climáticos também na região. A partir das respostas, será possível entender o que acontece em cada cidade e priorizar circunstâncias.
Facin destaca preocupação, pois a Zona Sul está com baixa adesão na pesquisa, por isso reforça o pedido para participação, ao destacar que ela é mais um dos elementos para aprimorar a relação da Defesa Civil com a sociedade. “Isso é ruim para a nossa região, pois está sendo construída uma opinião estadual e pode-se construir uma normativa que não contemple as nossas necessidades”, afirma.
O coordenador regional também ressalta a importância de saber, através da pesquisa, com o que a população mais se preocupa, em relação aos desastres climáticos, e como encaram a atuação do órgão. “Percebemos que uma parcela significativa da sociedade ainda não sabe o que faz o organismo de defesa civil, não sabemos o que as pessoas se preocupam, o que vem à mente quando falamos de desastres”, afirma.
O link para acessar a pesquisa está disponível no Instagram e no site da Defesa Civil Estadual.
Alertas
A Defesa Civil tem uma ferramenta de comunicação direta com a população, de forma gratuita, e que pode ser acessada através de um rápido cadastro, possibilitando que os alertas cheguem pelo smartphone.
Para ter acesso, a pessoa precisa mandar um SMS para o número 40199, onde deve informar o CEP da sua casa no corpo do texto. Caso prefira que o alerta chegue através do WhatsApp, a mensagem deve ser enviada para o número (61) 20344611. Um robô irá prosseguir com as informações necessárias para cadastro e a pessoa passará a receber os informativos, em caso de previsão de um possível evento adverso para a sua região.