A Reunião-Almoço “Tá na Hora”, promovida pela Associação Comercial de Pelotas (ACP), teve como palestrante o diretor da Unidade Embrapii InovaAgro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Prof. Dr. Maurício de Oliveira. Durante o encontro, o pesquisador apresentou o trabalho desenvolvido pela unidade e destacou o orçamento de R$ 120 milhões destinado ao fomento da inovação na agricultura, agropecuária e agroindústria.
A InovaAgro é uma das 96 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) no país e atua no desenvolvimento de tecnologias voltadas à produção e à sustentabilidade no campo. O foco está em pesquisa aplicada, educação e apoio a empresas, conectando o conhecimento gerado na universidade às demandas do setor produtivo.
Com sede na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem) da UFPel, a unidade busca aproximar a ciência do mercado, transformando ideias em soluções voltadas à agroindústria, à agricultura familiar e à inovação sustentável. “Queremos que Pelotas e a região se tornem um polo de inovação. As tecnologias estão sendo pensadas aqui, com a realidade do nosso produtor e da nossa indústria”, destacou Oliveira.
Para o presidente da ACP, Fabrício Cagol, o encontro apresentou oportunidades pouco conhecidas. “Percebemos que há uma grande possibilidade aqui, muito próxima de nós. Só que, infelizmente, isso não é tão divulgado, não chega na ponta, na indústria, no agricultor, nas pequenas empresas”, afirma.
Modelo reduz riscos e acelera resultados
O sistema Embrapii permite parcerias entre universidades, empresas e o governo federal, com cofinanciamento e divisão de riscos. As empresas interessadas apresentam seus desafios, e a InovaAgro monta equipes de pesquisadores e alunos para desenvolver soluções. “A inovação não espera. O modelo da Embrapii permite que os projetos comecem de forma rápida, sem toda a burocracia comum em editais públicos”, explica Oliveira.
Os projetos são divididos em etapas, o que permite avaliar resultados parciais, ajustar estratégias e reduzir riscos antes de seguir adiante. “O objetivo é dividir o risco com as empresas. Elas não precisam fazer grandes investimentos sozinhas – a Embrapii e a InovaAgro entram junto nesse processo”, completou o diretor.
O custo dos projetos é compartilhado: grandes empresas investem 44%, a Embrapii contribui com 33% e a InovaAgro com 23%. Já pequenas empresas e startups participam com apenas 10%, contando com apoio do Sebrae e da própria Embrapii. A instituição é supervisionada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e também recebe recursos dos ministérios da Saúde, da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Pesquisas com impacto regional
Atualmente, a InovaAgro conta com cerca de 67 professores e pesquisadores de diferentes níveis que atuam no desenvolvimento de tecnologias e na formação de novos profissionais. No total, são mais de 350 pessoas envolvidas no InovaAgro, contando com os alunos – de graduação a pós-doutorado – que fazem parte de equipes responsáveis pelos 30 programas em andamento no momento. “Mais do que desenvolver tecnologia, estamos formando pessoas capazes de trabalhar em equipe, liderar e se comunicar com o mercado. Isso é inovação também”, ressalta Oliveira.
Entre as principais linhas de atuação estão proteção de cultivos, pós-colheita, agroindústria, equipamentos agrícolas, irrigação e bioeconomia – com destaque para bioconservantes, fertilizantes inteligentes e rações alternativas. Algumas tecnologias já estão sendo aplicadas por empresas da região, como sensores capazes de detectar pragas, incêndios e falhas em plantações.
Para o diretor, a inovação não se resume a grandes avanços tecnológicos. “Inovação não precisa ser algo grandioso. Às vezes, é apenas melhorar um processo que já existe e que pode trazer grandes resultados”, afirma.