A Justiça do Trabalho autorizou a reativação da antiga Cosulati, instalada em Capão do Leão. Sob o comando da Oz.Earth, empresa que planeja investir R$ 120 milhões na recuperação do parque industrial e na retomada das operações. A estimativa é gerar cerca de 300 empregos diretos, além de movimentar toda a cadeia leiteira da Zona Sul.
Ainda não há máquinas ligadas nem tanques cheios, mas a decisão judicial, que também determina o pagamento de R$ 49 milhões em dívidas trabalhistas, reacendeu a esperança. E não apenas em Capão do Leão: o impacto chega a Pelotas, onde estava o consumo e o prestígio da marca.
Em entrevista à Rádio Pelotense, o presidente do Sindicato da Alimentação, Lair de Mattos, disse que muitos ex-trabalhadores aguardam ansiosamente o pagamento e sonham em voltar a trabalhar onde começaram a vida profissional. Ele confirmou que a nova controladora pretende iniciar a operação com leite em pó, etapa tecnicamente mais viável neste momento. Mas contou que, nas reuniões online com os executivos da Oz.Earth, o sindicato reforçou o valor afetivo da marca, a manteiga, o leite, o iogurte, e ouviu deles que esses produtos podem voltar em planos futuros.
A Danby Consulati era, além da marca, uma lembrança de sabor e pertencimento. Produzido e consumido aqui. A síntese perfeita de uma economia que girava dentro do próprio território. E é justamente essa engrenagem que a retomada pode restaurar.
Hoje, grande parte da produção leiteira da região precisa ser enviada a longas distâncias, muitas vezes sem condições térmicas adequadas para preservar a qualidade.
Uma parte significativa do leite da Zona Sul segue para São Lourenço do Sul, onde há processamento ativo, enquanto outros produtores são obrigados a vender para indústrias do centro e norte do Estado. Essa dispersão encarece o frete, reduz a margem do produtor e desestimula a atividade rural. Politicamente, o gesto também tem valor. A decisão judicial demonstra que é possível conciliar função social da economia e eficiência produtiva: o Estado garante a segurança jurídica e o setor privado assume o risco e o investimento. Resta aos municípios, com gestão, garantir o escoamento.
O Messias de Lula
Jorge Messias será o novo ministro do STF. A escolha confirma o momento de pragmatismo de Lula: menos simbolismo, mais previsibilidade. O presidente opta por quem conhece, confia e não lhe causa sobressaltos.
Atual advogado-geral da União, pernambucano e servidor de carreira, Messias construiu a imagem de técnico discreto e leal. Foi o “Bessias” da Lava Jato, o personagem improvável que sobreviveu à tempestade política e, anos depois, retorna como sinônimo de confiança.
A escolha tem cálculo político. Lula poderia ter buscado uma mulher, um nome progressista ou um gesto simbólico. Preferiu a estabilidade. Messias é evangélico, fala a língua da moderação e ajuda o governo a suavizar tensões com setores conservadores. Depois de Flávio Dino, de perfil combativo, Lula nomeia o oposto: um conciliador. A combinação revela um governo que tenta equilibrar fogo e gelo dentro da própria base, num momento em que o Supremo enfrenta desgaste.
Operação Alienista
Juliano Nunes, ex-servidor da Secretaria de Assistência Social (SAS) de Pelotas, foi preso preventivamente pela Polícia Civil. Ele é acusado de desviar recursos de pessoas assistidas pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), um programa destinado a garantir renda mínima a cidadãos em situação de vulnerabilidade.
A prisão foi decretada depois que a Justiça encontrou dificuldades para intimar o acusado no processo em andamento. A investigação teve início em 2023, conduzida pelo Ministério Público, e resultou, em março deste ano, na Operação Alienista. Meses antes, em setembro de 2024, a Justiça havia determinado o bloqueio de R$ 178,6 mil em bens de Nunes.
Conforme a denúncia, o ex-servidor utilizava sua posição dentro da SAS para ter acesso a dados de pessoas incapazes e transferia para sua própria conta bancária valores de benefícios previdenciários que deveriam ser destinados a essas pessoas. Ele era responsável direto por ao menos 11 beneficiários. O esquema foi descoberto em agosto de 2023, quando assistentes sociais identificaram que um jovem atendido pelo serviço social possuía o benefício ativo desde 2016, mas nunca havia recebido os valores.
Informação limpa
O vereador Glauber Nunes (PT) protocolou um projeto de lei que institui a Política Municipal de Combate à Desinformação em Rio Grande. A proposta tem como objetivo criar diretrizes para o enfrentamento de notícias falsas e campanhas de manipulação informacional, especialmente no ambiente digital. Antes de levar o texto à votação, o parlamentar tem promovido uma série de encontros com lideranças.