O surfista que sempre desejou levar a paixão pelo mar muito além da praia. Em 2008, o rio-grandino Claudio Touguinha criou o projeto em que o surfe serve como ferramenta de transformação social e coletiva. O ‘Surf para Vida’ (@projetosurfparavida) oferece para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, lições de amor à natureza, convivência em grupo e diversas oficinas nos bairros Atlântico Sul e Querência, no balneário Cassino/RS, em parceria com empresas.
Como surgiu a ideia do projeto?
A minha paixão pelo surfe começou muito cedo, e desde lá sempre sonhei que era possível fazer na nossa praia algo legal e levar o esporte para vários bairros com parcerias de empresas. Hoje o ‘Surf para Vida’ atua há mais de 14 anos em que, durante todo ano, crianças e adolescentes têm atividades relacionadas ao meio ambiente e a natureza, e claro, muito surfe quando a estação permite. No inverno, não entramos na água, porém o projeto não para.
O projeto tem a natureza e o oceano como pilares. O que os dois representam para ti?
Sempre acreditei no oceano. Olhar para o oceano nos permite sonhar. Assim como no início da minha carreira quando competia, sonhava bastante, e hoje não é diferente. O surfe te liberta, acalma a mente, e para essas crianças e adolescentes, a prática traz outro sentido para a vida, principalmente porque saem, durante as horas que estão conosco, do lugar que vivem em vulnerabilidade, então é uma diversão à parte junto à natureza. Os professores e instrutores estão nesse projeto com a conexão pelo propósito e o desejo de querer fazer algo diferente, de oferecer uma oportunidade de vida para transformar o futuro de cada um que passa por nós.
Quantos alunos já passaram pelo Surf para Vida?
Atualmente a turma é em torno de 18 a 22 jovens que participam terças e quintas à tarde, permanente, no turno inverso da escola. Por temporada são em torno de 150 jovens.
Depois de tantos anos, o que ainda te impacta no projeto?
O fato de que muitos deles nunca estiveram na praia, nunca mergulharam no oceano. Sim, a maioria mora cerca de 15 km da praia, e até então, não conheciam o mar. Ao invés de estarem na rua lá, estão vindo à praia se divertir, brincar de uma maneira legal e irão voltar para casa com segurança. Como digo para eles, o surfe é o carro-chefe do projeto, é o esporte dentro do mar, mas proporciona muito além disso.