São maravilhosas todas as notícias que envolvem recursos e mais recursos para Pelotas através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Se todos saírem do papel, viveremos, dentro de uma década, em uma cidade completamente diferente. São recursos já garantidos ou pré-aprovados pelo governo federal para áreas sensíveis, como mobilidade urbana, saúde, drenagem, proteção e tratamento de esgoto. No entanto, o cidadão brasileiro, diante de anúncios vindos de Brasília, acostumou-se a ser São Tomé: só crer quando a obra estiver entregue. Não só aprovada. Não só iniciada. Não só com 99% dos serviços executados. Entregue.
É até fácil perder-se nas contas, mas passa de meio bilhão de reais o montante anunciado para o município. A prefeitura cola a alcunha de “cidade do PAC” no Rio Grande do Sul, de maneira até justificada. Caminho do ônibus, viaduto da Fernando Osório, policlínica, melhorias em avenidas, aquisição de frota elétrica, duas estações de tratamento, reformas em museus e escolas, criação de um centro esportivo, obras de drenagem, construção de habitações… são dezenas de iniciativas alardeadas.
Ano que vem é ano eleitoral, em que milagres acontecem, mas a questão orçamentária do governo federal é uma incógnita, sobretudo após o fim da Medida Provisória do IOF. O próprio ministro Fernando Haddad avalia apresentar diferentes cenários ao presidente Lula, considerando a possibilidade de alterações no orçamento. Para além disso, levantamentos de abril e julho mostram que as restrições estão impactando diretamente no PAC e que mais da metade das obras anunciadas desde o início do governo não começaram.
Obviamente, a garantia de recursos e a promessa de obras são motivos para comemorar. Não faz sentido ficar apontando o dedo dizendo que as coisas não irão dar certo, quando há um indicativo de que irão. Só que é importante nos prendermos em fatos a mantermos a pressão alta para que tudo saia do papel o quanto antes, já que nossa cidade está há décadas aguardando por investimentos dessa magnitude. Com tudo saindo do papel, viveremos em uma nova Pelotas – melhor, mais moderna e mais agradável ali na frente. Mas, novamente, precisa sair.