UFPel recebe lançamento do novo Plano Diretor da Epidemiologia no Brasil

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UFPel recebe lançamento do novo Plano Diretor da Epidemiologia no Brasil

Documento define diretrizes para ensino, pesquisa e serviços em saúde após quase duas décadas sem atualização

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UFPel recebe lançamento do novo Plano Diretor da Epidemiologia no Brasil
(Foto: Julia Barcelos)

O Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) recebeu nesta terça-feira (14) o lançamento do 5º Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil. Há 19 anos sem atualizações, a Comissão de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) elaborou um novo documento para orientar o ensino, a pesquisa e o serviço na área.

A escolha de Pelotas para sediar o evento reforça o papel de destaque da UFPel, primeira universidade brasileira a ofertar pós-graduação em Epidemiologia e referência nacional em pesquisas na área. O encontro reuniu pesquisadores de diversos estados, além de docentes e discentes dos cursos de Epidemiologia do município e do RS.

Processo de construção

O plano foi elaborado em três etapas: primeiro, a identificação dos principais desafios (em agosto de 2023); depois, a definição de estratégias de enfrentamento; e, por fim, a sistematização das propostas durante a segunda oficina, em setembro de 2024. O documento já foi exposto em outras universidades e o lançamento em Pelotas marca a apresentação do Plano no Estado.

A professora Janaína Motta, representante da UFPel na construção do eixo de Ensino, destacou o caráter coletivo da iniciativa. “Foi uma troca de conhecimento e de realidades muito grande. Havia coisas que achávamos que eram problemas do nosso programa, mas percebemos que era a realidade geral. Então, tentamos achar soluções, todo mundo junto, para que a epidemiologia siga crescendo no Brasil”, afirma.

Papel da epidemiologia

A epidemiologia é o campo que estuda a distribuição dos fenômenos saúde/doença e seus fatores condicionantes e determinantes nas populações, reunindo métodos das Ciências da Saúde, Sociais e Estatística.

O professor Fernando Wehrmeister, do curso de Epidemiologia da UFPel, explica que a área se preocupa com o estudo de populações. “Ela se ocupa de entender como está crescendo a obesidade, por exemplo. Outro aspecto importante é o aumento do uso de cigarro eletrônico. Então é importante pensar a epidemiologia como estudo sobre as populações”, comenta.

Diretrizes e objetivos

O Plano Diretor, desenvolvido pela Abrasco, reúne pesquisadores e estudantes da Saúde Coletiva e estabelece diretrizes para fortalecer a área no país. A professora Tânia Maria de Araújo, da Universidade Federal de Feira de Santana (UEFS), explica que o objetivo central é a redução das desigualdades sociais e em saúde. “O plano se caracteriza por propostas de desenvolvimento da epidemiologia nesses três eixos. O que é transversal a todos eles é a perspectiva de redução das desigualdades sociais e de saúde no Brasil”, afirma.

A atualização também contempla o novo cenário brasileiro, marcado pela desinformação, o negacionismo e a crise climática. “Estamos hoje à mercê de grandes eventos produzidos pelo homem que vão ter muito impacto na saúde. Precisamos criar capacidades de resposta às emergências”, acrescenta Tânia, citando a pandemia de Covid-19 e as enchentes no RS.

Eixos do plano

O documento está estruturado em três grandes áreas temáticas – formação, pesquisa e aplicação nos serviços de saúde – que, juntas, buscam fortalecer o campo e reduzir as desigualdades regionais e sociais no país.

Formação: propõe reduzir desigualdades regionais na oferta de cursos e programas, estimular novos centros de ensino e conectar teoria e prática, aproximando o ensino das demandas do SUS.

Pesquisa: foca no enfrentamento das desigualdades sociais e iniquidades em saúde, priorizando estudos sobre populações vulnerabilizadas, como pessoas negras, indígenas, mulheres e LGBTQIAPN+. Também prevê ampliação do financiamento e da cooperação entre instituições.

Serviços: defende o fortalecimento dos sistemas nacionais de informação e da vigilância em saúde, com uso público e soberano dos dados, criação de carreiras estáveis e mecanismos de avaliação contínua das políticas públicas.

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