Natural de Pelotas, Isadora Vieria Morales – mais conhecida como DJ Dola (Instagram: @dolarecords) – é beatmaker e produtora musical que vem conquistando espaço na cena independente do sul do país. Apaixonada por música desde a infância, Dola explora sonoridades que transitam entre o Hip Hop, R&B, Neo Soul, Trap, Funk e Bass, misturando referências que expressam sua identidade artística e sua trajetória como mulher na música.
Idealizadora da Grave, festa voltada para os gêneros da Bass Music, e integrante do coletivo DASMINA, que promove o empoderamento de artistas mulheres, ela tem se destacado por unir técnica, criatividade e propósito em cada projeto.
Como e quando a música entrou na tua vida e o que te levou a escolher o caminho de DJ?
A música sempre esteve presente dentro da minha casa! Minha mãe comprava muitos CDs e vivia ouvindo música de todos os tipos – Brasilidades, MPB, Jazz, Rock, Disco, Soul… Minha irmã também estava sempre ouvindo música e até fez parte de uma banda. Foi através dos gostos dela que tive o primeiro contato com o Hip Hop e o R&B.
Agora, falando sobre o momento em que me tornei uma agente ativa dentro da música, isso aconteceu aos 13 anos, quando comecei a produzir instrumentais de rap no meu computador, usando o Fruity Loops (um programa de produção musical). Pouco depois, comecei a tocar com o Johnguen, rapper aqui de Pelotas. Fui DJ dele e do coletivo Aedyz Crew por alguns anos, até adquirir conhecimento o suficiente para seguir como DJ solo, apresentando meu próprio repertório.
No início, eu não entendia nada de técnica, apenas colocava os beats durante os shows dos meninos. Mas, com o tempo, fui estudando e despertando cada vez mais vontade de aprender. Sigo estudando até hoje! Espero que nunca chegue o dia em que eu ache que já sei o suficiente.
Como tu enxerga a cena musical/eletrônica em Pelotas hoje e quais os principais desafios de trabalhar com música fora dos grandes centros?
Eu acredito que Pelotas é e sempre foi uma cidade muito rica culturalmente. Com certeza, por conta da UFPel, que traz todo ano pessoas de todos os cantos do Brasil para passarem um tempo na nossa cidade, e dessa forma trazem diversidade e renovação a todo momento.
Aqui em Pelotas temos pessoas muito talentosas, não só DJs, como todo o tipo de profissional ligado a música. Temos uma cena muito “fresh” para uma cidade que está no interior do estado e tão longe dos grandes centros.
A maior dificuldade que eu vejo hoje em dia é a falta de estrutura e apoio financeiro para que algumas ideias sejam tiradas do papel. Temos muitas pessoas com ideias incríveis prontas para realizar eventos, festivais, projetos… Mas falta o capital ou até mesmo um espaço que abrace, uma estrutura de som, etc. Ainda sim, por aqui fazemos muito com pouco! Nada nos para.
Que conselho tu darias para as mulheres que querem começar na música como DJs ou produtoras?
Estudem muito! Aproximem-se de quem está na mesma sintonia que vocês. Falem pouco e trabalhem muito. Procurem saber quem são as mulheres que estão movimentando a cultura na sua cidade e se unam a elas! Hoje em dia há muitos conteúdos gratuitos e de qualidade disponíveis na internet para quem quer aprender. Minha DM está sempre aberta para trocas de ideias e para ajudar as meninas que estão começando a se inserir nesse meio!