Escola de Restauração forma primeiras turmas em Pelotas

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Escola de Restauração forma primeiras turmas em Pelotas

Projeto realizado pela Perene Patrimônio Cultural contou com a participação de 118 alunos

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Escola de Restauração forma primeiras turmas em Pelotas
(Foto: QZ7 Filmes)

Na tarde deste sábado (4), a Catedral Metropolitana São Francisco de Paula foi palco da última aula das primeiras turmas da Escola de Restauração, promovida pela Perene Patrimônio Cultural. Desde maio, 118 alunos, de diferentes partes do Rio Grande do Sul, além de Mato Grosso, Bahia e até do Uruguai, reuniram-se periodicamente para a formação em técnicas de preservação de patrimônio.

Os cursos foram ministrados pela arquiteta Simone Neutzling, e contaram com a participação de profissionais de diversas áreas como arquitetura, engenharia civil, conservação e restauro, técnico em edificações, além de estudantes destas e áreas afins.

Um dos diferenciais da formação foi a realização de aulas teóricas e práticas junto aos canteiros de obras da Catedral, da Igreja Sagrado Coração de Jesus (Igreja do Porto) e Igreja Imaculada Conceição, de Jaguarão. As três edificações possuem projetos de restauração em execução, coordenados pela Perene.

A arquiteta destacou que o grande objetivo da Escola de Restauração é disseminar o conhecimento para quem deseja atuar em projetos de patrimônio, qualificando para a elaboração e execução de projetos de preservação. “Isso é fundamental para fortalecer esse ecossistema e fazer com que a valorização desses bens culturais seja contínua, com pessoas especializadas no setor”, destacou Simone.

O financiamento da Escola ocorre através do Programa Pró-Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Formatura

Assim como na aula inaugural dos módulos, o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), Renato Savoldi, esteve presente no último encontro e reafirmou a importância da Escola para a formação de pessoas aptas a atuar na elaboração de propostas para intervenção em bens culturais e definiu a experiência como enriquecedora para todos os envolvidos. “Ele [projeto] é único. É uma das ações mais interessantes que nós do Estado do Rio Grande do Sul, da Secretaria da Cultura conseguimos identificar, fruto de um edital. Tenho muita expectativa de que iniciativas como essa se frutifiquem, não só na cidade de Pelotas, mas em todas as outras”, disse.

Simone Neutzling reforçou que os encontros foram momentos de troca de aprendizagem e que a escolha da Catedral para finalizar a formação parte, além da importância para o curso, do seu envolvimento com a obra de restauro do local. Entre os principais ensinamentos proporcionados pela Escola de Restauração, a arquiteta reforça que buscou enfatizar a parte humana na atuação pela preservação do patrimônio. “Para além da parte técnica, tudo é feito pelas pessoas e para as pessoas. Não é só restaurar, é mostrar para as pessoas este processo, é despertar o sentimento de pertencimento”, reforçou.

Trabalho em família

João Burguez, a esposa Margalis e o filho Henrique, são exemplos de como o restauro, além de ser fonte de renda, une gerações em um mesmo interesse: recuperar objetos da inevitável influência da passagem do tempo. “É trazer de volta ‘à vida’ tudo aquilo que passa por nós”, destaca o pai.

A família pelotense trabalha com restauro há 11 anos e buscou no curso a ampliação dos conhecimentos técnicos. Os três fazem parte do curso de conservação e restauro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e serão os responsáveis pela recuperação dos bancos da Igreja do Porto.

Diferentes origens

A Escola de Restauração atraiu o interesse de profissionais de diversas regiões como Missões, Serra, Central, Campanha, Sul e Metropolitana do Rio Grande do Sul, além de Cuiabá (MT), Maragogipinho (BA) e Río Branco (URU).

Uma destas alunas que veio de longe para participar da formação em Pelotas foi a arquiteta e urbanista Caroline Ottoni, 46. Segundo ela, a confiança no trabalho da arquiteta Simone e de sua equipe foi uma das motivações para vir até a cidade para os encontros, e retorna com a certeza de que o impacto da escola na sua atuação profissional é extremamente positivo. “O que mais me chamou a atenção foi a organização da didática do que foi passado, não tivemos só aulas teóricas, a gente realmente viu em obra tudo o que nos foi passado”, frizou.

Além disso, a profissional também espera poder levar os conhecimentos para o Centro Histórico de Cuiabá, onde considera haver pontos ainda a serem tombados e restaurados.

Já o estudante de Arquitetura e Urbanismo Luiz Miguel Saes, 27, de Bagé, viu a chance de agregar ainda mais conhecimento técnico a uma vocação presente desde a infância. “O patrimônio está comigo desde sempre. Aos cinco anos fiz minha primeira maquete, muito primitiva, do antigo Mercado Público de Bagé. Depois, tudo que fiz na vida se voltou para o patrimônio. Sabia que a Escola de Restauração era uma grande oportunidade”, disse.

Próximos passos

Além desta formação voltada a projetos, a Perene Patrimônio Cultural também realizará oficinas específicas para trabalhadores da construção civil, com foco em técnicas de pintura a cal, estuque, escaiola e cimento penteado. As datas destas turmas serão divulgadas através do Instagram (@escoladerestauracaoprn).

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