IR e Pelotas: o efeito real

Opinião

Pedro Petrucci

Pedro Petrucci

Jornalista

IR e Pelotas: o efeito real

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A Câmara dos Deputados aprovou recentemente a reforma do Imposto de Renda, que amplia a isenção para rendas de até R$ 5 mil mensais, reduz parcialmente o IR para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350 e cria tributação de 10% sobre lucros e dividendos superiores a R$ 50 mil mensais. A proposta segue agora para análise no Senado. Para Pelotas, essas mudanças podem ter efeitos concretos na economia local.

O município tem forte presença do setor de serviços, administração pública e indústria. A maior parte dos beneficiados será trabalhadores assalariados, profissionais liberais de renda média e pequenos comerciantes. Para esses contribuintes, a isenção pode representar um bom valor a mais no bolso, estimulando o consumo em comércio, alimentação, vestuário e serviços.

Em uma cidade como Pelotas, com potencial de consumo, o efeito pode ser significativo para o comércio local, especialmente no curto prazo. Por outro lado, pequenos empresários e profissionais liberais que recebem parte da renda em lucros e dividendos podem sentir aumento na tributação. Isso pode gerar decisões mais cautelosas sobre distribuição de lucros e reinvestimento em negócios locais.

Além disso, a classe média que não se enquadra na faixa de isenção não terá benefícios diretos e continua sentindo o peso do IR, agravado pela defasagem das tabelas de imposto frente à inflação, o que gera insatisfação recorrente. A reforma também pode gerar efeitos indiretos: a tributação maior sobre ricos e empresas mais lucrativas pode gerar mais recursos para políticas públicas, potencialmente beneficiando áreas como saúde, educação e infraestrutura em Pelotas.

Já o aumento da renda disponível para trabalhadores de menor renda tende a movimentar a economia local. A reforma do IR é, no geral, positiva para a população de baixa e média renda de Pelotas, podendo estimular consumo e dinamizar setores locais. Entretanto, pequenos empresários e profissionais liberais podem enfrentar desafios, enquanto a classe média que não recebe isenção permanece insatisfeita. O efeito real dependerá de como o governo federal e os contribuintes se adaptarem às novas regras, e de como a economia local absorverá o aumento da renda disponível e a tributação sobre lucros e dividendos.

Vigilância ambiental

Pelotas conta com apenas seis agentes – e um drone – na vigilância (Foto: Divulgação)

O novo drone da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) de Pelotas é, sem dúvida, um avanço importante na fiscalização de crimes ambientais. Com a tecnologia, será possível monitorar toda a cidade em ciclos de até 50 dias, agilizando a apuração de denúncias e reforçando a presença onde antes havia lacunas. Os dados da SQA mostram que 68% das denúncias envolvem maus-tratos a animais e 22% desmatamento ou podas irregulares, principalmente em áreas de novos empreendimentos imobiliários.

O aumento desses números em relação a 2024 revela que, apesar do avanço tecnológico, a proteção ambiental ainda depende de políticas públicas mais amplas, investimento em equipes e uma atuação mais incisiva contra práticas ilegais. No entanto, essa inovação também evidencia um problema estrutural: apenas seis agentes são responsáveis pela fiscalização em uma cidade com mais de 300 mil habitantes. Por mais sofisticado que seja o equipamento, ele não vai resolver sozinho as questões de prevenção e educação ambiental.

Missão

O recém-criado Partido Missão anunciou o policial rodoviário federal Evandro Augusto, 44 anos, como pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul nas eleições de 2026. A sigla, que recentemente recebeu parecer favorável do Ministério Público Eleitoral para sua formalização, pretende ter como principal bandeira o combate ao crime organizado e à corrupção. Evandro Augusto tem 11 anos de experiência na Polícia Rodoviária Federal, é jornalista e especialista em educação e mercados ilícitos. Ganhou visibilidade nas redes sociais criticando famílias tradicionais da política gaúcha e promete enfrentar o patrimonialismo que, segundo ele, enfraquece o estado.

Percepção de riscos

O governo do Estado está realizando a Pesquisa de Percepção de Riscos de Desastres, aberta até 23 de outubro para todos os gaúchos maiores de 18 anos. O levantamento busca entender como a população enxerga situações de risco e desastres naturais, a fim de aprimorar protocolos da Defesa Civil. Até agora, mais de 6 mil pessoas já responderam ao formulário online.

Na região sul, municípios como Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul são considerados estratégicos para ampliar a participação, já que enfrentam desafios recorrentes ligados a enchentes, vendavais e estiagens. A meta é chegar a 9 mil respostas em todo o Estado. O problema é que pesquisas e diagnósticos não faltam — o que a população espera, de fato, é que esses dados não fiquem engavetados e se transformem em prevenção e estrutura permanente, e não apenas em reação às tragédias já conhecidas.

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