Afinal, o que é e como podemos nos infectar por meningite?

Saúde Pública

Afinal, o que é e como podemos nos infectar por meningite?

Entenda o processo de infecção e como proteger-se da doença considerada em surto em Pelotas

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Afinal, o que é e como podemos nos infectar por meningite?
Cobertura vacinal até os 14 anos está abaixo do esperado em Pelotas (Foto: Divulgação)

Nesta semana, a Secretaria da Saúde (SMS) de Pelotas emitiu um alerta para meningite meningocócica, após a identificação de três casos da doença na cidade. A classificação de surto se dá pelo surgimento repentino das infecções, estarem associados ao mesmo sorogrupo (Y) e não terem relações de proximidade.

Em entrevista à Rádio Pelotense, a secretária Ângela Vitória explicou que sempre aparecem casos de meningite meningocócica ao longo do ano, com uma frequência não muito alta, mas que preocupa bastante quando são identificados, pois é uma doença bastante grave. “Como não tinha nenhum caso confirmado, três casos é considerado surto, pois começa a circular a bactéria”, disse a responsável pela SMS.

Os últimos foram confirmados em julho, agosto e setembro, em um bebê de seis meses, uma criança de oito anos e em um adulto. Nenhum deles evoluiu para óbito e os pacientes já estão recuperados. “Isso reforça que nossa rede de assistência à saúde têm boa resposta à demanda, pois os pacientes tiveram uma boa evolução, mas mostra que nossa prevenção está com fragilidade”, afirmou a secretária.

Neste momento, Pelotas tem apenas 38% de cobertura vacinal contra os diferentes tipos de meningite.

Perguntas e Respostas

O que é a meningite meningocócica e porque é tão grave?
As meninges são as membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal contra traumas físicos, sendo importantes para a imunidade do sistema nervoso central. A meningite, então, é uma doença que afeta justamente essa proteção, podendo ser causada por vírus, bactérias, fungos, parasitas ou por evolução de outras doenças.

No caso da meningocócica, o que assusta é a rápida evolução, com possibilidade de deixar sequelas e, se não tratada precocemente, pode levar à morte.

Só crianças pegam meningite?
Não, todos estão suscetíveis a serem infectados, caso não tenham sido vacinados. A secretária da Saúde de Pelotas explica, no entanto, que as campanhas são direcionadas para crianças e adolescentes por serem a faixa etária para qual a imunização é recomendada pelo Ministério da Saúde e por estarem em maior risco de contágio, principalmente em idade escolar. “A maior preocupação com as crianças ocorre por termos um maior número delas dentro das salas de aula, a grande parte sem ventilação adequada, o que facilita o contágio de diversas doenças, inclusive a meningite”, diz.

Como acontece a infecção?
Em geral, a transmissão acontece de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também ocorre a transmissão fecal-oral, pela ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes.

Há mais tipos de meningite?
Os tipos mais identificados de meningite são a viral, tuberculosa ou bacteriana. A viral é considerada menos grave e deriva, em suma, de vírus de outras doenças que afetam as meninges (como é o caso da varicela). A tuberculosa é a forma mais grave da doença de mesmo nome.

Já a meningite considerada causadora do surto em Pelotas é a meningocócica, que é bacteriana. Causada pelo alojamento da bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) nas meninges, ela apresenta uma rápida evolução e pode se apresentar em vários sorogrupos, sendo os principais o A, B, C, W e Y.

A meningite meningocócica pode deixar sequelas?
Sim, entre as principais sequelas que a infecção pode causar estão a perda de audição e visão, convulsões, epilepsia, paralisia, dificuldades de aprendizado e memória, danos cerebrais e amputação de membros, sendo que um em cada cinco sobreviventes pode ficar com sequelas.

Que sintoma é o principal para a doença?
Os sintomas são febre alta e de início súbito associada a dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, sensibilidade à luz, sonolência ou confusão mental, manchas vermelhas ou arroxeadas na pele que não desaparecem ao pressionar e quadros de convulsão. Além disso, em crianças pequenas, pode se manifestar com irritabilidade e choro persistente, recusa alimentar e moleira abaulada.

No entanto, um dos sintomas mais característicos para a meningite meningocócica é a rigidez na região da nuca, sendo uma das recomendações pedir para a pessoa encostar o queixo no peito. Caso não consiga realizar este movimento, é recomendado procurar atendimento médico.

Quais exames identificam a meningite?
Os exames são feitos a partir de amostras de sangue e de líquido cefalorraquidiano (líquor). Este último é coletado por uma punção lombar, que é um procedimento onde uma agulha é inserida na região lombar da coluna. O aspecto do líquor funciona como um indicativo. Estando normal, ele é límpido e incolor, mas, caso haja infecção, ocorre o aumento de células, que o deixam com aspecto turvo.

Além destes, podem ser solicitados exames de bacterioscopia direta, cultura, aglutinação pelo látex ou qPCR. Todos os exames laboratoriais estão disponíveis no SUS.

Como prevenir?
A maior prevenção contra a meningite é a vacinação, que está disponível em todos os postos de saúde e destinada ao público infantojuvenil. As doses são aplicadas, segundo a secretária, aos três, cinco e 12 meses de idade, com um reforço em adolescentes entre 11 e 14 anos.

Além disso, é indicado evitar contato próximo a pessoas com sintomas respiratórios, manter os ambientes bem arejados, higienizar as mãos com frequência e evitar compartilhar objetos pessoais, como copos, talheres, escovas e toalhas.

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