O excesso de oferta de arroz no mercado brasileiro, e no Mercosul, pressiona os preços do produto para baixo. A crise no setor, com preços de venda que chegam a patamares bem inferiores aos custos de produção, fez com que a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) se posicionasse a favor da redução da área plantada e pelo direcionamento dos negócios para exportação.
Em entrevista à Rádio Pelotense, o presidente da Federarroz, Denis Dias Nunes, explicou que neste ano há bastante estoque de arroz e que, caso não aconteça a diminuição, será confirmado o prejuízo para a próxima safra. “Nós estamos orientando que todos os produtores que possam diminuir a área plantada, quem tiver uma propriedade e que puder consultar seus técnicos para uma rotação de cultura, que faça”, disse.
Segundo Denis, os estoques estão acima do desejado, não somente no Brasil, mas em todo o Mercosul, então é necessária uma ação conjunta, pensando na subsistência do setor. “A saída é reduzir a produção de arroz em todo o Mercosul para, assim, diminuir a oferta e para ter uma chance de ração, ainda que devagar, na próxima safra”, projetou.
Ainda que oriente os arrozeiros para que direcionem o foco dos seus negócios para a exportação, a entidade reconhece que a cotação do dólar também está baixando, o que baixa os preços para venda e, ao final, não se consegue pagar os custos da lavoura, por maior que seja.
Mercado Local
Na análise do presidente da Federarroz, o direcionamento para o mercado local não seria uma solução para a crise. O Brasil produziu 12,7 milhões de toneladas de arroz na última safra. Este montante, comparado com o que é consumido na América Latina, sobra, sendo insuficiente para a recuperação. Segundo ele, os vizinhos do Mercosul fabricam, mas não consomem. Produzem para vender e contam muito em vender para o Brasil, principalmente o Paraguai.
Com relação à vigilância e ações tomadas pela Federarroz, o presidente garantiu que a entidade mandou um ofício ao Ministério da Agricultura para ver se algo estruturante pode ser feito, na intenção de proteger os insumos brasileiros. “Ver se a concorrência tem os mesmos custos, fiscalizar os produtos que entram para ver se a disputa está leal ou se entram com produtos mais baratos”.
Dificuldades e Projeções
Para superar a iminente crise pela qual o setor arrozeiro passa, a Federarroz propõe algumas medidas aos produtores, bem como reivindicações aos governos federal e estadual.
Há também, segundo o presidente da entidade, a orientação para que os produtores sigam fazendo seus negócios e renegociando suas dívidas e que priorizem essas ações, para que o processo não seja dificultado com o passar do tempo. “O endividamento não é só na agricultura, mas em todos os setores brasileiros. As federações estão aí para dar apoio jurídico e comercial”, disse.
Foi pedida pela Federarroz uma reunião interministerial para encaminhamento das demandas na próxima semana, bem como a participação na comissão parlamentar do arroz, na Assembleia gaúcha, para reforçar a situação da lavoura arrozeira e a necessidade de apoio dos parlamentares.
O presidente da entidade defende que todos se conscientizem da necessidade de reduzir a área plantada, esperando que, na próxima safra, o produto possa começar a reagir.
“Será um ano difícil, mas já passamos por anos difíceis e vamos enfrentar novamente”, afirmou Denis.