Semana Nacional de Trânsito aposta em conscientização sobre riscos da alta velocidade

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Semana Nacional de Trânsito aposta em conscientização sobre riscos da alta velocidade

Foco é alertar para o agravamento de fatores de risco e a necessidade de reflexão por todos os atores sociais

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Atualizado sexta-feira,
26 de Setembro de 2025 às 09:53

Semana Nacional de Trânsito aposta em conscientização sobre riscos da alta velocidade
o Rio Grande do Sul é o segundo Estado mais seguro para dirigir e o com o melhor conjunto de ações para educação no trânsito (Foto: Jô Folha)

Anualmente, a Semana Nacional de Trânsito é pensada para conscientizar motoristas e pedestres sobre as boas práticas nas vias. Neste ano, o tema norteador é “Desacelere. Seu bem maior é a vida”, cujo objetivo é alertar a população sobre os riscos da alta velocidade, como ela agrava todos os demais fatores de risco envolvendo a direção, e também não levar para o trânsito a carga de uma rotina acelerada.

Ao longo do ano, mas com maior ênfase nesta semana, os órgãos e entidades nacionais de trânsito intensificam ações de educação, fiscalização e engenharia, buscando tornar nossas vias mais seguras e ambientalmente sustentáveis. Em entrevista ao programa Debate Regional, da Rádio Pelotense, a coordenadora de articulação institucional da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), Sirlei Kuiava, destacou que esta é uma semana em que a sociedade se junta para refletir sobre a mobilidade e os papéis que desempenha na preservação da vida. “Todos são responsáveis e nenhuma morte no trânsito é aceitável. A mensagem que destacamos é pensar na vida no trânsito e não na morte”, disse.

RS é destaque em educação no trânsito

De acordo com um levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) e divulgado nesta semana, o Rio Grande do Sul é o segundo Estado mais seguro para dirigir e o com o melhor conjunto de ações para educação no trânsito, levando em conta o comportamento dos condutores e a efetividade da fiscalização.

Sirlei destaca que o trabalho no Rio Grande do Sul passa pela educação e integração entre órgãos. “É um processo que precisa ser contínuo, desde a infância até a vida adulta, trabalhando de forma integrada e articulada com a educação no trânsito, isso faz a diferença”, disse.

Sobre o que é necessário para um trânsito mais seguro, a coordenadora de articulação institucional do Senatran afirma que é preciso quebrar a cultura. “É um esforço concentrado e conjunto, precisamos de todo mundo. A segurança no trânsito não é um problema simples de resolver, permeia diversos setores. Nós temos um dos melhores códigos de trânsito do mundo em relação à segurança, se fosse seguido por todos. Nenhuma morte é aceitável, se todo ser humano comete erros, não podemos deixar que esse erro leve alguém à morte”, afirmou.

Mudança na CNH

Há um projeto em discussão que visa permitir que as aulas teóricas e práticas para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) sejam feitas com menos dependência das autoescolas. As aulas teóricas poderiam ser feitas a distância e as práticas com instrutores autônomos credenciados.

A representante do Senatran afirmou à Rádio Pelotense que o órgão vê a proposta com bons olhos, principalmente em relação à redução de custos para a formação de condutores. “Nós estamos acompanhando o desenrolar desse processo e acreditamos que tem muita gente dirigindo na informalidade e isso pode facilitar o acesso”, disse.

Já a doutora em Engenharia de Produção e Transportes da UFPel, Raquel Holz, destacou que a medida pode gerar um maior caos para o trânsito no dia a dia. “Se a gente precisa ir a uma autoescola para estudar e mesmo assim tem acidentes, imagina alguém estudando sozinho em casa e depois não precisando procurar um CFC para aula prática?”, questionou também em entrevista à Rádio Pelotense.

Para a professora da UFPel, o meio de facilitar o acesso seria o poder público ampliar a concessão da CNH Social, com o subsídio de valores.

Trânsito em Pelotas

Em análise do trânsito pelotense, Raquel afirmou que há muitos conflitos, uma infraestrutura decadente, com problemas no asfaltamento e, ao menos uma vez por mês, diversos semáforos desligados. “O mundo está mudando em relação à segurança viária, mas em Pelotas a gente tem trabalhado de uma forma reativa e não preventiva”, destacou.

Sobre os pontos positivos, a doutora em Engenharia de Produção e Transportes disse que, mesmo com pouca infraestrutura, a cidade está investindo em ciclovias — que precisam ser melhoradas — e corredores específicos para ônibus. Holz ainda reforça que é necessária uma campanha de educação no trânsito mais firme e impactante. “A conscientização precisa ser um soco no estômago para ter impacto, o problema é que a gente acha que conosco não vai acontecer. Precisamos ter consciência de que existe o risco individual e de como isso atrapalha o coletivo”, disse.

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