Apesar de serem maioria populacional no Estado e no país, as mulheres continuam enfrentando dificuldades típicas de minorias sociais, tais como o preconceito e a violência. Segundo o Censo 2022 do IBGE, elas representam 51,71% da população gaúcha. Para ampliar a atenção a essa parcela da sociedade, o governador Eduardo Leite (PSD) sancionou a criação da Secretaria Estadual da Mulher, que terá Fábia Richter, ex-prefeita de Cristal, como titular.
Dados da Secretaria de Segurança Pública indicam que, até agosto, foram registrados 34.419 casos de violência contra mulheres no Estado, incluindo feminicídio, ameaça, estupro e lesão corporal. Na Região Sul, que corresponde a apenas 7,5% da população gaúcha, concentraram-se 13,8% dos feminicídios consumados em 2024, segundo o Observatório Nosotras da UCPel. No primeiro semestre de 2025, a Metade Sul registrou dois feminicídios, seis tentativas, 48 estupros, 755 lesões corporais e 1.054 ameaças, distribuídos em 22 municípios.
Enfermeira e ex-prefeita de Cristal, Fábia tem o desafio de liderar a nova pasta, e terá como prioridade organizar e estruturar a pasta. A secretaria atuará em sete eixos: prevenção, proteção, acolhimento, cuidado integral, inclusão produtiva, articulação e informação, e identificação.
Em entrevista à Rádio Pelotense, Fábia reforçou o papel da educação no combate à violência de gênero. “Criamos nossos filhos e vemos eles replicando questões machistas, porque repetimos os modelos. Temos que falar sobre a sociedade machista tanto com homens quanto com mulheres”, afirma.
Conhecer para combater
A professora do curso de Ciências Sociais da UFPel, Patrícia Cunha, explica que a violência e desigualdade de gênero resultam de fatores culturais e econômicos. “O patrimonialismo e o machismo estrutural sustentam a ideia de que o homem deve dominar ou submeter a mulher”, afirma.
Para além das questões culturais, ela explica que em áreas mais pobres e menos desenvolvidas os efeitos da violência tendem a ser mais graves. “Nas cidades menores, onde não existem delegacias especializadas, casas de abrigo ou patrulhas de proteção, a mulher fica ainda mais vulnerável”, observa ela.