Reforma agrária, meio ambiente e o papel da universidade

Opinião

Pedro Petrucci

Pedro Petrucci

Jornalista

Reforma agrária, meio ambiente e o papel da universidade

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A aula inaugural da UFPel sobre “Reforma Agrária Popular e a Questão Ambiental”, realizada recentemente, despertou atenção não apenas pelo tema em si, mas pelo contexto em que foi apresentada. Em seu card de divulgação, também é citado o lançamento da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA), movimento crítico ao agronegócio. É compreensível que isso tenha provocado reação de produtores, sindicatos e políticos, considerando a força econômica e social do setor, especialmente, em Pelotas. Não se trata de silenciar o debate acadêmico — a universidade tem a missão de formar cidadãos capazes de refletir criticamente sobre políticas públicas e sustentabilidade. Mas há uma linha tênue entre estimular reflexão e transmitir uma mensagem que pode ser interpretada como oposição ideológica a setores estratégicos da economia regional.

O agronegócio é vital: gera empregos, movimenta comércio e indústrias e sustenta milhares de famílias. Ignorar esse peso concreto é, no mínimo, um erro de comunicação institucional. É importante também refletir sobre como damos proporção a certos temas. Nem toda polêmica merece ser amplificada, e o episódio da aula inaugural parece ter ganhado uma dimensão maior do que realmente tinha.

A reflexão equilibrada exige olhar para o contexto, compreender os objetivos da universidade e, ao mesmo tempo, reconhecer a importância prática do agronegócio na vida da região.

Debater reforma agrária e meio ambiente é legítimo, mas deve ser feito com equilíbrio. Espaços acadêmicos são arenas de reflexão, não de confrontação política, e é responsabilidade da universidade contextualizar temas sensíveis para não fragilizar sua relação com a sociedade que a sustenta.

Proteção ou censura

Em mais de três horas de debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Vereadores, o projeto de lei do vereador Daniel Fonseca (PSD), que propõe proibir o uso de recursos públicos municipais – seja contratação, patrocínio ou apoio – para eventos, artistas, produções ou materiais que “façam apologia ao crime ou ao consumo de drogas” e “promovam a sexualização de crianças e adolescentes” foi retirado de pauta. O Legislativo fez um acordo para que seja marcada uma audiência pública para novos debates sobre o tema. Em tese, o argumento é de fácil aceitação. Afinal, quem poderia ser contra proteger os mais jovens? Mas o ponto central do debate não está no mérito da proteção em si, e sim nos limites de interpretação que o texto da lei abre. Uma música de rap ou funk que retrata a realidade da periferia poderia ser enquadrada como apologia ao crime? Uma peça de teatro que aborda a descoberta da sexualidade juvenil poderia ser vista como sexualização precoce? A margem para interpretações subjetivas é justamente o que alimenta a principal crítica.

Pelotas oficializa ginásio multiuso

Pelotas terá um ginásio com dupla função: espaço esportivo e abrigo em emergências climáticas. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, com participação do vereador Antonio Peixoto (PSD), do secretário estadual de Esporte, Gaúcho da Geral (PSD) e Lazer Juliano Franckzak e do prefeito Fernando Marroni (PT). A obra será no Areal, próximo à UPA, com quadra oficial de 20 por 40 metros, e investimento de mais de R$ 5 milhões via Fundo Gaúcho da Reconstrução. A proposta é positiva e combina lazer, esporte e assistência social. Além disso, o ginásio poderá receber eventos de médio porte, embora a capacidade total ainda não tenha sido divulgada, o que abre espaço para um potencial impacto econômico relevante na região, atraindo público, serviços e movimentação para o comércio local. No entanto, a escolha do Areal levanta questões importantes: a região é uma das áreas mais baixas da cidade, o que pode comprometer tanto a função esportiva quanto a de abrigo em emergências. Um plano que serve de abrigo não pode se tornar um problema. Para que o projeto seja realmente eficaz, será necessário um planejamento cuidadoso de drenagem e infraestrutura, garantindo uso contínuo e seguro para a comunidade. Este papel está sob responsabilidade da Secretaria de Urbanismo. Em resumo, o ginásio tem potencial para se tornar referência em planejamento urbano, responsabilidade social e geração de oportunidades econômicas, mas seu sucesso dependerá de execução técnica e gestão criteriosa.

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