A poucos meses do vestibular, Julia Hepp e Daniel Horst, de 17 anos, deixaram Teutônia, no Vale do Taquari, e viajaram quase 400 quilômetros com a turma do colégio para conhecer a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Entre visitas a laboratórios, museus e faculdades, a última excursão escolar da turma serviu para explorar a cidade, que agora cava seu espaço entre as opções de escolha para o futuro acadêmico de cada um.
“Foi uma experiência bem legal, porque a gente consegue conhecer diferentes cursos e a cidade”, conta Julia, interessada em cursar Direito. O colega Daniel, que pensa em seguir Engenharia Mecânica, reforça: “É gratificante ver uma universidade pública de portas abertas para a gente”.
Assim como eles, centenas de estudantes do Ensino Médio visitaram os campi de Pelotas e do Capão do Leão ontem para participar do Mundo UFPel 2025. O evento gratuito transformou espaços da instituição em grandes vitrines de cursos, projetos e ações culturais. Ao longo do dia, a programação ofereceu mais de 200 atividades, entre oficinas, experimentos, rodas de conversa, apresentações artísticas, visitas guiadas e degustações.
Escolhas para o futuro
Para a reitora Ursula Rosa da Silva, a iniciativa tem impacto direto na decisão dos jovens. “É uma oportunidade de entusiasmar os estudantes para ingressar na universidade e, ao mesmo tempo, aproximar a comunidade da vida acadêmica”, disse. O pró-reitor de Ensino, Antônio Maurício Alves, destacou o caráter pedagógico. “O Mundo UFPel permite que os estudantes conheçam cursos e espaços da instituição”.
Na metade do dia, Julia e Daniel ainda não tinham conhecido todos os espaços que estavam no roteiro, mas isso não impediu o balanço positivo munido de novas perspectivas. “A gente escutou bastante elogios sobre a UFPel, e pelo que vimos, é um bom lugar para estudar”, diz Julia. Daniel, que visitou o Capão do Leão, concorda. “Dá para sentir como é a realidade de quem estuda aqui”.
Universidade e comunidade
Enquanto os visitantes aproveitaram o sol na Praça Coronel Pedro Osório, no Conservatório de Música o professor Jorge Meletti conduziu uma aula aberta de Teoria Musical e Solfejo. A proposta foi introduzir o público ao universo da música a partir de exercícios simples de canto, ritmo e percepção. “A musicalidade todos têm. A ideia é transformar isso em algo mais estruturado e coletivo”, explica Meletti, que leciona na UFPel desde 2009.
Para o docente, o encantamento pela música nasce ainda antes do aprendizado formal. A aula, nesse sentido, é uma forma de organizar algo que muitas vezes já existe latente e aprofundar o interesse de novos estudantes. “Quando existe aquela faísca de curiosidade, esse tipo de evento pode transformar em uma chama”, afirma.
Simultaneamente, no auditório do Museu do Doce, professores e pesquisadores apresentaram atividades ligadas ao projeto Geoparque Paisagem das Águas, iniciativa que conecta ciência, cultura e turismo no território da Lagoa dos Patos. O professor de Geografia, Adriano Simon, descreve aos ouvintes da palestra o valor singular da região: “Esse território é um museu a céu aberto”.
Já a professora de Turismo, Laura Rudzewicz, parceira de Simon no projeto, ressaltou o caráter integrador da ideia: “O Geoparque traz uma proposta de governança do território que articula cultura, meio ambiente e comunidade.”
A programação também contou com a participação de estudantes de pós-graduação. O mestrando em Geografia, Jorge Vernetti, apresentou ações de educação ambiental junto a escolas da região. Segundo ele, o Mundo UFPel fortalece a conexão entre universidade e comunidade. “E este [Geoparque] um projeto multidisciplinar, que alia ciência, educação e participação local”, completa.