A Universidade Federal de Pelotas está prestes a ocupar um novo patamar em sua produção científica por meio da pesquisa: a instituição foi contemplada com um valor de cerca de R$ 26,2 milhões em editais de fomento aportados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), voltados para a expansão da investigação de ciência e qualificação da infraestrutura da área.
Foram três projetos escolhidos pela financiadora para o recebimento de recursos. Dois deles fazem parte de uma proposta de cunho institucional, pensada de forma estratégica pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG); outra iniciativa foi escolhida por meio de um edital interno.
Quando executados, os valores trarão impactos para cerca de vinte programas de pós-graduação que participaram na construção das propostas. Eles serão convertidos em novos equipamentos – grande parte deles de alto custo, por serem importados – e também em infraestrutura física, com a qualificação de edificações.
Um dos grandes destaques dessa rodada de propostas é a configuração multiusuários que estas apresentaram. Elas são fruto de uma cultura de diálogo e partilha de prioridades, que buscam benefícios coletivos para os grupos de pesquisa, como comenta o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Marcos Britto Corrêa. Segundo ele, foram mais de cinco anos de trabalho de conscientização e iniciativas em parceria para que fosse possível chegar a esse estágio.
Essa união entre os programas permitiu que fossem construídas propostas robustas, que tem o propósito de trazer soluções a temáticas importantes, como a alimentação sustentável, a segurança alimentar e a busca por materiais que impactem o sistema de saúde. “As pesquisas desenvolvidas terão impacto muito importante”, destaca a reitora da UFPel, Ursula Silva.
Os recursos permitirão também uma atualização em diversas estruturas de pesquisa da Universidade, com um aporte financeiro consistente em tempos de cortes nos orçamentos das instituições de ensino e pesquisa brasileiras.
Para Corrêa, este será um marco para um novo momento no contexto da pesquisa na UFPel. “Abriremos uma gama de metodologias para as quais não tínhamos acesso até agora”, diz. A coordenadora de Pesquisa da PRPPG, Márcia Mesko, salienta que serão equipamentos inéditos na região, sendo que inclusive pesquisadores do Uruguai já demonstraram interesse em parcerias.
Por um arroz sustentável
Grande parte do valor destinado para a UFPel nesse edital da Finep terá destinação em pesquisas voltadas para a produção sustentável de alimentos, do campo à mesa, especialmente na cadeia do arroz.
Para a proposta “Desenvolvimento de Tecnologias Sustentáveis para a Cadeia Produtiva do Arroz: do campo à mesa”, serão destinados R$ 11,1 milhões. Ela foi submetida em um edital da chamada CT-INFRA para Centros Temáticos de Pesquisa. Do total, cerca de R$ 8 milhões serão aplicados na compra de equipamentos e o restante em custeio de itens de consumo da investigação.
O objetivo é desenvolver tecnologias para todas as etapas produtivas desse cereal tão importante na alimentação do ser humano, especialmente frente às mudanças causadas pela crise climática. Entretanto, também entrarão no escopo do projeto iniciativas voltadas à qualidade industrial e nutricional do arroz. A ideia é gerar conhecimento que impacte essa cultura tão importante para a economia do extremo sul do Brasil, tanto que a iniciativa conta com o apoio de mais de 30 empresas e entidades do setor.
Novos espaços para a pesquisa e a inovação
Já no âmbito do edital Proinfra Expansão, o projeto “Centro de Inovação em Sistemas Agroalimentares Sustentáveis” criará o primeiro espaço de laboratórios de pesquisa multisuários da UFPel. Para que esta política de fato seja implementada, a estrutura será lotada na PRPPG.
Um valor de R$ 5,5 milhões será aplicado na reforma completa da edificação onde ficavam localizados o Centro de Lazer e Atividade Física e a Faculdade de Meteorologia, no Campus Capão do Leão. Após a intervenção, o local abrigará oito laboratórios, auditório para 120 pessoas, sala de reuniões, espaço de convivência e para atividades de extensão promovidas pelos PPGs; no mezanino, ficará sediada um braço da incubadora Conectar, com capacidade para três empresas.
O cronograma prevê 14 meses de obras. A previsão é que a intervenção comece no primeiro semestre de 2026.
Materiais inovadores
Finalizando as propostas contempladas, o projeto “Materiais e Técnicas de Manufatura Aditiva para Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico” tem o objetivo de ampliar a capacidade de pesquisa no desenvolvimento de materiais.
Serão aplicados R$ 9,6 milhões na compra de equipamentos que permitem o avanço na validação estrutural, térmica, química, mecânica e morfológica de materiais inovadores, ainda hoje limitadas pela infraestrutura disponível.
Esta também será uma estrutura que permitirá a participação multiusuária. O projeto é fruto da união de sete PPGs.
