Pressão e representatividade

Editorial

Pressão e representatividade

Pressão e representatividade
(Foto: Jô Folha)

É curioso ver a mudança de postura dos políticos brasileiros diante da repercussão negativa de pautas como a PEC da blindagem e até a anistia, embora essa segunda gere um pouco mais de polêmica e divisão. “É momento de tirar as pautas tóxicas”, diz o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. No Senado, a blindagem não deve passar sequer da CCJ. Diversos parlamentares também demonstraram arrependimento com seus votos. Ou seja, bastou a pressão pública e tudo recuou?

É a prova de que todos os movimentos de despolitização e afastamento da sociedade das pautas políticas é contraproducente. Nos últimos anos, a polarização infectou o debate público e enojou muita gente, a ponto de termos um aumento significativo de abstenção nas urnas, por exemplo. De fato, é de revirar o estômago. Mas, novamente, se não elegermos nossos representantes e não tomarmos decisões, o que será do futuro do Brasil? Ficou claro, nessa última semana, que todo o poder, de fato, emana no povo e qualquer indignação pública faz os poderosos parlamentares tremerem.

Falta um pouco mais de um ano para irmos, mais uma vez, às urnas. Mas a “festa da democracia” só faz sentido se todos participarem, se houver renovação e se houver representatividade. Em uma política de populismo digital, onde os representantes públicos se preocupam mais com os likes e engajamento em seus cortes, é fundamental lembrarmos que a vida acontece fora da rede e a cobrança deve ser direta. As redes, por óbvio, ajudam a maximizar o alcance também da indignação. Mas é com a vida das pessoas, e não com as suas próprias regalias, que os políticos devem se preocupar.

No ano que vem, quando o leitor pensar naquela manhã de domingo se vale a pena ir à urna, lembre que sim, vale. É fundamental termos cada vez mais representantes regionais, pessoas que conheçam nossa realidade, para que possamos colocar também nossas demandas em pauta. Caso o contrário, mais uma vez, o parlamento – estadual e federal – será formado por um ou outro rosto conhecido e os demais serão aquelas figurinhas distantes que só nos dão mais sensação de afastamento de todo esse mundo político.

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