Artesanato de inspiração e exportação

Intercâmbio

Artesanato de inspiração e exportação

Grupo de artesãs da Colônia Z-3 recebe o designer Renato Imbroisi e representantes da Artesol – Artesanato Solidário

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Artesanato de inspiração e exportação
(Foto: Rita Wicth)

As artesãs da Colônia de Pescadores Z-3 recepcionaram o designer Renato Imbroisi e representantes da Artesol – Artesanato Solidário para um intercâmbio de ideias e a apresentação das técnicas de produção artesanal das moradoras locais.

A tarde também foi uma oportunidade para alunos da Emef Almirante Raphael Brusque e moradores visitarem a exposição Linhas do Mar, que reúne 25 guarda-sóis bordados por artesãs de 17 estados do litoral brasileiro e que percorre todo o país.

Após participar da implantação da Associação Bichos do Mar de Dentro, Imbroisi revisitou o grupo de artesãs, que hoje, segundo ele, já se tornou referência nacional. “Estamos trazendo representantes do artesanato solidário para conhecer o trabalho das redeiras e de outros artesãos aqui de Pelotas”, afirmou.

A presidente da Artesol, Sônia Quintella de Carvalho, destacou a qualidade do trabalho das artesãs da Z-3, especialmente pelo uso de materiais recicláveis. “Elas utilizam redes de pesca quando já estão muito rasgadas, tingem e recriam novas cores. Depois, as redes vão para o tear e se transformam em peças maravilhosas, como este guarda-sol que compõe a exposição Linhas do Mar”, avaliou.

De acordo com a artesã Rosani Schiller, presidente da Associação de Artesãs Redeiras, a presença de Imbroisi, de Sônia e do grupo de visitantes resultará em maior projeção nacional para as redeiras da Z-3. “O intercâmbio proporcionado, incluindo o contato com a própria comunidade local que visitou a exposição, dará mais visibilidade às redeiras, às mulheres dos pescadores e a todo o processo de reciclagem”, ressaltou.

Trabalho compartilhado

Cada peça confeccionada pelas integrantes da Associação de Artesãs Redeiras do Extremo Sul é única, produzida por diferentes mãos e em processos distintos. “No caso das redeiras, o material usado seria completamente descartável. Elas o transformam em produtos de altíssimo valor agregado, com inovação e qualidade. Não é à toa que outros designers já buscam cooperação com elas”, comentou Imbroisi.

A diretora da Emef Almirante Raphael Brusque, Betânia Balladares, levou os alunos para conhecer a mostra. Segundo ela, durante o ano letivo são desenvolvidos trabalhos que valorizam a identidade ribeirinha, a reutilização de resíduos e a preservação ambiental, especialmente no contexto pós-enchente. “Dialogar com os estudantes sobre esses trabalhos faz todo o sentido dentro do que já desenvolvemos na escola. Trazer a turma para visitar a exposição foi especial, pois as redeiras fazem parte da comunidade escolar e são mães de alunos”, destacou. A escola desenvolve ainda, com turmas do 8º ano, um projeto de bordado coletivo.

Visita a Pelotas

O grupo da Artesol e Renato Imbroisi cumpriram uma agenda extensa em Pelotas. Além da vivência na Colônia Z-3, participaram de visitas ao centro histórico, incluindo o Mercado Central, onde a associação comercializa seus produtos, e a uma fábrica de doces da Colônia de Pelotas.

Na visita à Z-3, os convidados conheceram todo o processo das redeiras: desde a coleta da rede reciclada (chamada de “avião”), passando pela lavagem, corte em fios e, por fim, a produção das peças. “Todas as nossas criações são feitas a várias mãos. Cada uma de nós realiza uma etapa”, explicou Rosani Schiller.

Exposição prossegue em outras praias

Além da Colônia de Pescadores Z-3, a exposição itinerante Linhas do Mar segue para outros estados. Composta por 25 guarda-sóis bordados por artesãs de 17 estados, a mostra idealizada por Renato Imbroisi já passou pelo Rio de Janeiro e agora inicia seu circuito pelo sul do país.

Segundo o designer, cada guarda-sol representa a história e a tradição de um estado. “As redeiras de Pelotas confeccionaram guarda-sóis com redes de pesca recicladas que, depois, recebem bordados. Em outros estados, aparecem faróis, bois e outros elementos que contam a história de cada lugar”, explicou.

A exposição sempre é aberta ao público e busca ser democrática, permitindo que crianças e adultos conheçam e apreciem o litoral brasileiro de norte a sul. Após Pelotas, a mostra segue para Garopaba, Santa Catarina, e continuará por outras cidades litorâneas. Em 2026, chegará a Berlim, na Alemanha.

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