Próxima de completar 127 anos de fundação, a Associação Rural de Pelotas (ARP) prepara uma reforma estatutária que deve redefinir seu papel no cenário do agronegócio da Zona Sul. A proposta em estudo inclui a mudança de nome da entidade, deixando de lado a referência exclusiva a Pelotas para adotar uma denominação que reflita a abrangência regional de sua atuação.
Criada a partir da união de egressos da primeira turma do curso de Agronomia da UFPel e de lideranças locais, a então Sociedade Agrícola Pastoril do Rio Grande do Sul nasceu com o objetivo de pensar a política agropecuária para além da Zona Sul. Com o tempo, acompanhou a formação do sistema sindical e da Federação da Agricultura, mantendo a característica de representar o setor, mas cada vez mais concentrada no desenvolvimento da região.
Segundo o presidente José Luiz Kessler, a reforma estatutária busca atualizar a entidade e fortalecer sua representatividade. “Estamos contratando consultoria para planejar o futuro e entender como o associado percebe a instituição. Queremos renovar lideranças para ter uma entidade forte, representativa de todo o Sul do Estado”, destacou em entrevista ao programa Acorda Zona Sul, da Rádio Pelotense.
Entre as mudanças previstas, está a criação de comitês voltados para áreas estratégicas, como a gestão do patrimônio — a entidade é dona de uma área de 43 hectares em região central de Pelotas — além de grupos dedicados a temas transversais, como cultura, meio ambiente, logística e segurança.
Diversificação produtiva
A ARP pretende valorizar a diversidade da matriz produtiva da região, que vai da pecuária de corte e leite à rizicultura, sojicultura, fruticultura e silvicultura. Também ganham espaço novas cadeias de valor, como olivicultura e vitivinicultura, com potencial de crescimento e agregação de valor. “Nosso desafio é garantir a viabilidade econômica da entidade e, ao mesmo tempo, dar voz a todos os segmentos que compõem a riqueza produtiva da Zona Sul”, reforça Kessler.
99ª Expofeira de Pelotas
A movimentação ocorre no mesmo ano da 99ª edição da Expofeira de Pelotas, tradicional vitrine do agronegócio gaúcho, que ocorrerá de 6 a 12 de outubro na ARP. Com quase um século de história ininterrupta — apenas guerras e desastres naturais impediram sua realização —, a feira reafirma a ligação entre campo e cidade.
A programação prevê leilões de bovinos de corte e de leite, participação de equinos, pôneis, exposição de cães, além de atividades voltadas ao público infantil e jovens, que terão oportunidade de vivenciar o dia a dia do campo. A Conferência Rural, voltada a profissionais do setor, também integra a agenda, com inscrições já abertas pelo site da ARP.
Para Kessler, a Expofeira sintetiza o espírito da entidade: “O brasileiro tem uma identidade com o agro. Mesmo com a redução da população rural nas últimas décadas, seguimos mostrando a força do campo e sua importância para o desenvolvimento da região”.