Imponderável e inaceitável

Editorial

Imponderável e inaceitável

Imponderável e inaceitável
(Foto: Bruno Spada)

Não há argumento que justifique a aprovação em primeiro turno da PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados. Aliás, não há argumento que justifique sequer este tema estar em pauta. É um desrespeito com o eleitor que precisa ser enterrado, mas não esquecido. Por ser um dos movimentos mais absurdos da nossa República e por nos lembrar que o Legislativo precisa de fiscalização constante da comunidade.

A repercussão negativa desde a noite de terça-feira certamente fará com que a tramitação esfrie. O Senado já indica que não irá tratar dela. Mas é importante relembrar que, se em uma das casas há a resistência, sobretudo impulsionada pela comunidade, na outra ele passou com uma facilidade absurda. Felizmente, os dois deputados da região foram contrários a tal medida. Menos mal.

A democracia é fortalecida com transparência, transparência e transparência. Sempre mais, nunca menos. Não há justificativa plausível para que entes públicos não possam ser investigados, nem que votem secretamente. Dentro de uma democracia representativa, os entes políticos precisam estar sob constante escrutínio dos demais poderes, da imprensa e da comunidade. Todo argumento contrário a isso é praticamente criminoso. É imponderável exercer qualquer movimento que impeça as instituições de funcionarem abertamente.

A bolha de Brasília é um problema a ser combatido. O pequeno reino em que vivem algumas figuras políticas que ditam as regras e dão as cartas são o maior problema do nosso país na atualidade. Além da desconexão com a comunidade e com as demandas realmente urgentes e necessárias para o país, legislam basicamente com um fim: proteger e beneficiar a si próprios e aos seus. Isso não pode, jamais, ser aceito.

De positivo a se tirar isso, só a revolta generalizada que tomou conta das redes digitais e das conversas de esquina. Mostra que o brasileiro pode, sim, ter um olhar crítico e ajudar a travar absurdos reais quando os vê. Que fique de exemplo para as autoridades: estamos de olho.

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