Durante o período de enchentes, que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, o prédio da Bibliotheca Rio-grandense, localizado no Centro Histórico de Rio Grande, foi um dos atingidos pela elevação das águas e precisou ficar fechado por cerca de dois meses. A instituição, que é de administração privada, já passava por graves problemas para manter sua infraestrutura e a integridade do acervo de mais de 450 mil volumes, antes mesmo do desastre climático.
O andar térreo da Bibliotheca chegou a ser atingido pelas águas, mas nenhum exemplar foi danificado. O diretor de acervo da instituição, Ronaldo Gerundo, afirma que a umidade infiltrou mais fortemente nas paredes do prédio centenário. Mantida por cerca de 300 sócios, a biblioteca mais antiga do Estado (fundada em 1846) poderá receber uma doação de R$ 2 milhões do Banrisul para recuperação do prédio. Os valores foram aprovados pela diretoria do banco e agora espera o encaminhamento dos demais trâmites para o efetivo repasse.
Restauro
A arquiteta responsável pelo plano de restauro da Bibliotheca Rio-grandense, Helenice Couto, explica que o projeto foi submetido à Lei de Incentivo à Cultura Federal, (Lei Rouanet) e que foi aprovado.
Em julho deste ano, o projeto foi encaminhado para o Banrisul e solicitado o valor para ações mais emergenciais. “Recuperação do telhado, infiltrações, estabilização da estrutura, pois em maio de 2024 com as cheias, a biblioteca teve água até uns 40 cm de altura. Isso danificou o contrapiso e surgiram alguns pontos de infiltração, o que nos deixou preocupados, pois perdemos o aterro da base”, destaca a arquiteta.
Serão investidos valores para também tornar o prédio acessível no acesso externo e interno, como o acréscimo de um banheiro adaptado para pessoas com deficiência. “O restante estamos buscando patrocínio pela Lei Federal, para resolver outras questões também importantes, mas não tão emergenciais”, diz.
A autora do projeto, junto com o arquiteto Fernando Caetano, afirma que ainda não há prazo para o início da requalificação, pois depende do recebimento dos recursos, mas que as obras desta primeira estão previstas para serem realizadas em seis meses.
A dupla também é responsável, junto com Jane Centeno, pelo projeto de restauro na Biblioteca Pública Pelotense e pelo restauro, em andamento, do Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
Programa de recuperação de bibliotecas
O Banco do Estado do Rio Grande do Sul anunciou, em junho deste ano, a criação de um programa de incentivo para restauro, reforma, manutenção e modernização de bibliotecas públicas localizadas em diferentes regiões do Estado. Parte dessas bibliotecas foi afetada pelas enchentes de 2024.
A primeira contemplada com a doação de recursos foi a Biblioteca Pública Pelotense (BPP), em julho. O Banrisul realizou a doação de R$ 200 mil para a reforma do telhado da instituição, fundada em 1875. Esse valor poderá chegar a R$ 1 milhão, com a inclusão de projetos que, segundo a diretora da instituição, Lisarb Crespo da Costa, estão sendo enviados.
Além do repasse do banco, a Fecomércio em parceria com sindicatos empresariais locais, fez a doação de R$ 84 mil para a biblioteca, em um movimento alinhado a uma estratégia de revitalização do Centro Histórico de Pelotas.
O auxílio é previsto dentro do escopo do Instituto Banrisul Cultural e prevê um investimento inicial de R$ 10 milhões para bibliotecas históricas e tradicionais que desempenham papel essencial na promoção da leitura, da cidadania e da preservação cultural.