Federarroz cobra ações para proteger a orizicultura da concorrência externa

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Federarroz cobra ações para proteger a orizicultura da concorrência externa

Entidade alerta presidência da República para concorrência desleal de importados e risco de impacto na segurança alimentar

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Atualizado segunda-feira,
15 de Setembro de 2025 às 10:44

Federarroz cobra ações para proteger a orizicultura da concorrência externa
Atualmente, muitos produtores recebem menos de R$ 60,00 pela saca, quando o custo mínimo de produção gira em torno de R$ 90,00 a R$ 100,00. (Foto: Jô Folha)

A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) protocolou pedido à Presidência da República para que sejam adotadas medidas políticas e legais voltadas à proteção da produção nacional de arroz. A entidade alerta que o setor vive uma das crises mais graves das últimas décadas, pressionado pelos altos custos internos e pela concorrência desleal do cereal importado, principalmente do Paraguai.

Em entrevista à Rádio Pelotense, o diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, destacou que o Rio Grande do Sul responde por cerca de 70% da produção brasileira de arroz, sendo um pilar da segurança alimentar nacional. Ele explicou que a disparidade entre os custos de produção internos e externos coloca em risco a sobrevivência dos produtores gaúchos.

“Hoje, produzir um hectare de arroz no Brasil custa em média 3 mil dólares, enquanto no Paraguai o valor não passa de 1.800 dólares. Esse arroz entra muito mais barato, forçando o nosso produto a ser vendido a preços que não cobrem os custos”, detalhou Belloli.

Conforme o representante da Federarroz, atualmente vários produtores recebem menos de R$ 60,00 pela saca, quando o custo mínimo de produção gira em torno de R$ 90,00 a R$ 100,00. “Isso significa um prejuízo de R$ 30,00 por saca”, alertou.  

Oferta interna 

Outro ponto levantado é a preocupação com o futuro da oferta interna do cereal. Belloli alerta que, se o produtor não tiver condições de permanecer no campo, a área cultivada pode diminuir e, como consequência, o preço do arroz ao consumidor tende a subir. 

“Hoje a população encontra o quilo de arroz entre R$ 3,50 e R$ 4,00, mas isso pode mudar caso a produção nacional seja comprometida. Nossa preocupação é com a estabilidade de médio e longo prazo”, explicou.

Crédito aos produtores rurais 

A Federarroz também criticou a medida provisória anunciada pelo governo federal que prevê renegociação de dívidas do setor. Para Belloli, a iniciativa é insuficiente. “No fim do ano passado, foram destinados R$ 5 bilhões para repactuação de dívidas e os recursos se esgotaram em menos de um minuto nas agências financeiras. Agora, com a situação ainda mais grave, os R$ 12 bilhões anunciados não atendem a demanda e chegam tarde para salvar a safra”, afirmou.

Entre as alternativas, a entidade defende que o Brasil utilize instrumentos previstos em acordos multilaterais, como salvaguardas e barreiras temporárias, além de políticas de crédito e apoio à comercialização. 

A expectativa da Federarroz é de abrir diálogo com o governo federal ainda neste semestre para discutir alternativas que garantam a sustentabilidade da orizicultura gaúcha e a segurança alimentar do país.

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