À frente do Banco Madre Teresa de Calcutá há 20 anos, Maria Eulalie Fernandes é responsável por liderar iniciativas variadas em prol do atendimento das necessidades básicas das pessoas em situação de vulnerabilidade social em Pelotas. O banco, que começou fornecendo alimentos a 200 famílias, hoje é responsável pela nutrição de 1,2 mil famílias. Além da alimentação, a entidade fornece leites especiais, roupas, remédios e material escolar.
Você é cidadã emérita de Pelotas e recebeu um troféu de homenagem da AL-RS, como é ter recebido esses títulos?
Esses títulos todos que eu recebi são de todos que trabalharam comigo porque a gente sozinho não faz nada. O grupo do banco é muito fiel, comprometido e aberto a esse plano que Deus tem para o banco para minimizar hoje e num futuro bem próximo acabar com a miséria na nossa cidade.
Como surgiu o banco?
Sempre pensam que sou eu a idealizadora e fundadora [do banco], mas na verdade não sou, foi o padre Mario Prebianc, que um dia me chamou e pediu que eu pensasse em um banco de alimentos para minimizar a miséria da cidade para 50 famílias porque ele ficava muito triste de não ter um quilo de arroz e de feijão para dar para os pobres que batiam ali.
E nós lançamos junto ao Dom Jayme que foi o mentor e nos ajudou demais. Nós combinamos com que na festa de São Francisco de Paula e de aniversário da cidade lançaríamos a iniciativa de caridade. Os jovens do Emaús estariam nas ruas arrecadando os alimentos e eu fui ao Exército pedir um caminhão para recolher os alimentos pela cidade.
Eles perguntaram se ia encher e eu disse que sim e realmente encheu. Ali nós já levantamos [alimentos] para 200 famílias, foi muito bonito. Deus sinalizou. Hoje são mais de 1,2 mil famílias.
Além do de alimentos, como nasceram outros bancos?
Todos os outros bancos vieram de sugestão de pessoas da comunidade, isso que eu acho muito bonito porque a gente vê a unidade da sociedade. O banco de leite foi o doutor Simon Halpern, ele me procurou porque as crianças com alergia à proteína do leite morriam muito em Pelotas e aquilo me doeu. Então na mesma hora nos abrimos e o Dr. Simon foi o coordenador. Passaram os anos e com muita alegria ele me disse que não se morre mais em Pelotas por falta de leite de soja. Esse banco é a menina dos meus olhos porque foi uma graça muito grande de Deus, esse leite é caríssimo e de 15 em 15 dias nós distribuímos ele às famílias.
Como funciona o banco de remédios?
Esporadicamente a gente vai nos locais e nos consultórios receber os remédios. Os laboratórios ajudam muito com as amostras grátis. Quando as pessoas falecem e sobram muitos remédios, os familiares levam. E assim o nosso estoque é muito grande e quem puder convidamos que levem seus remédios também.
Como foi criado o Mercado de Calcutá?
Começou com roupas, hoje tem um espaço gourmet com artesanato, bolachinhas, cucas, pães e doces. Nós ajudamos essas pessoas que fazem e não têm como escoar ou vender. E todas pessoas que levam produtos para lá deixam 20% para nós. O mercado hoje é um espaço muito diferenciado na cidade. Os produtos e roupas lindas de festas são muito bons. São roupas novas, às vezes chegam vestidos longos etiquetados e vendemos a R$ 30.
O Banco Madre Teresa de Calcutá fica localizado na rua Major Cícero, 201. O contato para doações também pode ser feito pelo Instagram: @bancomadreterezadecalcuta