O Porto do Rio Grande superou 23 milhões de toneladas movimentadas entre janeiro e julho de 2025, alcançando o melhor resultado desde 2021. Os números foram confirmados pelo diretor-presidente da Portos RS, Cristiano Klinger, em entrevista ao programa Acorda Zona Sul, da Rádio Pelotense.
Segundo Klinger, o crescimento expressivo da movimentação reforça a relevância do complexo portuário gaúcho — que inclui também os portos de Pelotas e Porto Alegre —, mas evidencia a necessidade de investimentos em infraestrutura para evitar sobrecarga no transporte rodoviário.
“É fundamental que essa expansão venha acompanhada da retomada da hidrovia e da ferrovia, para reduzir o fluxo nas estradas e garantir competitividade às nossas operações”, destacou.
Nos últimos meses, obras emergenciais de dragagem e sinalização foram iniciadas para recuperar canais afetados pelas enchentes e restabelecer a navegação interior. A expectativa é que a hidrovia volte a operar plenamente, permitindo maior integração entre modais e ampliando a capacidade logística do Estado.
O dirigente também chamou atenção para os efeitos pontuais da taxação norte-americana sobre determinados setores, como o pescado, mas garantiu que, de forma geral, a movimentação portuária segue em alta. “Quando o porto bate recorde, isso reflete também a força do agronegócio e da produção industrial do Rio Grande do Sul”, afirmou.
Com o avanço de grandes investimentos privados e a perspectiva de novos empreendimentos à beira da água, a tendência, segundo Klinger, é de crescimento contínuo para o setor portuário gaúcho, desde que acompanhado por obras estruturais que favoreçam a intermodalidade.
Novo cargo
Recentemente, Klinger assumiu a vice-presidência da Associação Brasileira das Entidades Portuárias. Entre as principais pautas está a redução do papel do Estado. “O que vem sendo discutido no marco legal é aumentar o poder de decisão da autoridade portuária, para atrair investimentos e novas empresas de forma local, deixando o governo federal com a política portuária nacional e a Antaq com a regulação”, explicou.
Fortalecimento da navegação interior
De acordo com Klinger, está em andamento uma grande obra de recuperação da navegação, com várias frentes: batimetria e dragagem para garantir o calado, além de sinalização náutica para assegurar a segurança dos navios. “Após toda a calamidade da enchente ainda temos restrições para a navegação, mas as obras estão ocorrendo”, ressaltou.
Ainda em setembro, conforme o diretor-presidente, deve ocorrer a licitação para a recuperação de mais 11 canais, com o objetivo de restabelecer a navegação no Estado após as enchentes de maio do ano passado. “Na sexta-feira começa o serviço de dragagem no canal da Feitoria, próximo a Pelotas, ponto que era o principal problema da navegação”, disse.
Intermodalidade
A integração de todos os modais — hidroviário, ferroviário e rodoviário — garante eficiência à atividade portuária. A ferrovia, segundo Klinger, é um ponto de atenção, diante da proximidade do término do contrato. “Fizemos um grande estudo sobre a necessidade desses investimentos e dessa retomada, pois, quando um modal perde produtividade, acaba sobrecarregando os demais”, explicou.
Taxação
A taxação americana não impactou de forma significativa o Porto do Rio Grande. Na região, conforme Klinger, a indústria do pescado — responsável por grande volume de exportações — sofreu queda de 30% devido à suspensão de contratos. “Seguimos acompanhando e monitorando os desdobramentos. Em números gerais, na atividade portuária, não houve um impacto muito grande, já que as exportações para os EUA não são tão expressivas”, comentou.
Números Porto de Rio Grande em 2024
- 45 milhões toneladas
- 20 milhões toneladas exportadas
- 800 mil toneladas para os EUA (principalmente, de celulose, fora da taxação)