A Bibliotheca Pública Pelotense completa 150 anos em 14 de novembro. Para marcar a data com antecedência, o programa Debate Regional, da Rádio Pelotense, conversou com a presidente da instituição, Lisarb Crespo da Costa.
Como a Bibliotheca Pública Pelotense chega a esse aniversário de 150 anos?
Nós chegamos inteiros. Inteiros no sentido da nossa missão. Claro, com dificuldades financeiras, porque a Bibliotheca é uma instituição privada, criada em 1875 por um grupo de pelotenses e algumas pessoas de Porto Alegre. Ela pertence aos seus associados, que pagam R$ 20 por mês, e tanto a presidência quanto o conselho trabalham de forma gratuita. Mas, apesar das dificuldades, chegamos com muita força, com os livros preservados e, principalmente, com vida. A Bibliotheca nunca foi um depósito de livros, é um centro multicultural, com teatro, música, dança e formação de leitores.
Quais são os principais projetos voltados à formação de leitores?
Nós temos um trabalho muito especial com crianças. Um setor infantil renovado, com contação de histórias, que recebe escolas da cidade. E temos também o ônibus-biblioteca, doado pelo Expresso Embaixador, que vai até escolas públicas municipais, principalmente as que têm menos condições. Levamos livros, histórias, encantamento. O brilho das crianças ao pegar um livro é algo impressionante. Muitos pais acabam se tornando sócios da Bibliotheca por influência dos filhos.
Hoje quantos associados a biblioteca tem?
Cerca de 1,5 mil. Para estudantes, a mensalidade é de R$ 10. Muitos deixam de contribuir quando concluem os estudos, diferente do que acontece em outros países, onde pesquisadores mantêm apoio às bibliotecas. Mas, mesmo com essa rotatividade, seguimos firmes.
Recentemente a instituição iniciou uma obra importante. Que melhorias estão sendo feitas?
O telhado do Salão Nobre estava literalmente caindo. É um espaço fundamental, porque gera renda com eventos e abriga atividades culturais gratuitas. Conseguimos R$ 200 mil do Banrisul e R$ 86 mil da Fecomércio, além de apoio do município e da Câmara de Vereadores. As obras já começaram, mesmo com dificuldades pelo clima. Não fechamos as portas em nenhum momento e esperamos entregar o salão revitalizado até o aniversário.
Como está o processo de digitalização do acervo?
Estamos bem avançados. Hoje, cerca de 50% dos nossos títulos já estão inseridos no sistema. Pesquisadores do Brasil inteiro acessam a Bibliotheca, porque temos obras que nem a Biblioteca Nacional possui. O desafio é maior na hemeroteca, já que os jornais antigos são enormes e exigem scanners caros. Temos dois equipamentos, mas ainda não o ideal. Mesmo assim, avançamos e queremos priorizar a digitalização das obras raras.