Projeto que marca os 35 anos do Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Pelotas (NDH-UFPel), o Dicionário de História de Pelotas, Volume II foi finalizado. A obra de fôlego busca expandir e aprofundar conhecimentos sobre a trajetória do município, a partir de 1960 até a atualidade. Agora os organizadores se esforçam para viabilizar a publicação, que em princípio deve sair como e-book, antecipa a diretora do Núcleo, professora Lorena Gill, uma das organizadoras da obra.
O novo Dicionário tem a contribuição de 133 autores especialistas de diversas áreas do saber. O trabalho de cerca de um ano envolveu pesquisadores de História, Administração Pública, Antropologia, Arqueologia, Arquitetura e Urbanismo, Ciências Sociais, Conservação e Restauro, Direito, Educação, Geografia, Museologia, Nutrição, Relações Internacionais, Jornalismo, Epidemiologia e Veterinária.
A obra complementa o trabalho iniciado no primeiro volume, pelos então professores/historiadores Beatriz Ana Loner e Mario Osorio Magalhães, da UFPel, ambos falecidos, em parceria com a professora Lorena Gill. A obra é uma referência para quem pesquisa sobre a história de Pelotas, nos seus primórdios, porém a versão física está esgotada. As cerca de 150 mil visualizações na versão digital, acessada pelo sistema Guaiaca da UFPel, mostra a sua importância.
Este novo tomo traz verbetes mais detalhados, que contemplam temas inéditos e interdisciplinares. Entre os destaques do novo volume estão três grandes eixos temáticos: a história dos bairros da cidade, a trajetória das fábricas locais, com ênfase nas tradicionais conserveiras Agapê, Casa Verde e Vega, e a história institucional da UFPel.
O trabalho resgata e atualiza temas históricos clássicos como Indígenas, Charqueadores e Charqueadas, e ainda incorpora verbetes inéditos sobre aspectos sociais e culturais, como “cortiços” e “benzeduras”. A obra conta também com um rico acervo fotográfico, reunindo imagens de coleções pessoais e do projeto Fototeca UFPel.
Expectativa frustrada
Um trabalho que tem gerado expectativa, para sua publicação em papel ainda este ano. Porém, com a negativa da editora da UFPel, adia essa proposta e frustra os envolvidos. “Infelizmente a UFPel não irá publicá-lo, pois alegam que a política editorial da editora mudou. Mas vamos tentar buscar outra editora”, lamenta a professora.
Lorena explica que as tratativas para que o livro fosse publicado pela Editora da Universidade começaram no início deste ano. “A obra também recebeu o selo da Editora nas duas edições físicas, que foram feitas sem custo e já estão esgotadas faz anos”, explica.
Porém, a proposta passou duas vezes pelo conselho editorial e não foi aprovada. “Segundo e-mail recebido da Editora, houve uma mudança na ‘política editorial’ sobre o número de textos que um(a) mesmo(a) autor(a) pode assinar em uma obra”, conta a pesquisadora.
Como o Dicionário possui vários verbetes escritos por uma mesma pessoa, a proposta fica inviabilizada. Segundo Lorena, ainda há uma possibilidade remota de se reverter a negativa, porém a equipe do NDH prefere não esperar. “Temos uma pequena verba do Proap, que pode ser utilizada até o dia 4 de outubro e pensamos em colocá-la na revisão textual, diagramação, tratamento de imagens”, fala a organizadora do livro ao propor a construção de um e-book.
Busca por parceria
Lorena conta que o grupo tentou uma parceria com a prefeitura, porém não foi possível. Até agora a proposta mais viável é lançar o e-book para não perder a celebração do aniversário de 35 anos do Núcleo e, no próximo ano, fazer um financiamento coletivo. “Vamos seguir, o livro está ficando lindo”. Além da professora, o volume dois do Dicionário, realizado pelo do NDH Beatriz Loner, tem a organização dos historiadores Paulo Koschier, Jonas Vargas (Instituto de Ciências Humanas da UFPel) e do professor da Faculdade de Educação e colecionador de fotografias antigas da cidade, Eduardo Arriada.