Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que o endividamento geral das famílias brasileiras alcançou 77,6% em abril de 2025. Como forma de combater esse indicador e favorecer a construção de um futuro seguro, o planejamento financeiro é crucial. Ações para maior clareza na hora de decidir os investimentos foram destaques no programa Pensar Negócios Debate, na Rádio Pelotense, neste sábado (6).
Com a visão clara da situação financeira, os valores podem ser investidos de forma eficiente, o que garante a longevidade e o crescimento tanto de indivíduos quanto de famílias. Para esses esclarecimentos, os apresentadores Régis Nogueira, diretor executivo, e Deilon Cândido, gerente comercial do A Hora do Sul, do Grupo A Hora, receberam Marilaine Motta, especialista em gestão financeira pessoal e empresarial, com mais de 35 anos de experiência no mercado financeiro; Carlos Farinha, especialista em proteção financeira, familiar e patrimonial; e Arthur Pedroso, investidor profissional e assessor de investimentos.
Educação financeira
No centro da discussão sobre investimentos inteligentes, Marilaine destacou a necessidade de uma educação financeira que auxilie na mudança de perspectivas e também na clareza do que se pretende. “Para investir bem, é preciso se educar financeiramente. Hoje, o maior problema é o endividamento da população e não há educação financeira sendo estimulada desde cedo”, afirmou.
Os entrevistados também pautaram a influência da pandemia na mudança de mentalidade e no maior direcionamento para investimentos, pela percepção de finitude repentina. “Trouxe a necessidade de a população se planejar e estar preparada de forma antecipada aos problemas”, disse Carlos Farinha.
Sobre a necessidade do diálogo antes de apresentar potenciais investimentos aos clientes, o assessor Arthur Pedroso relatou a dificuldade que a falta de perspectiva a longo prazo traz para o processo. “O povo brasileiro ainda não está acostumado a investir”, disse.
Investimentos
O início de 2025 foi um período positivo para ativos de risco no Brasil. O Ibovespa B3, principal índice da bolsa do país, apresentou valorização de 8,29%. Em dólares, a valorização foi de 16,78%, segundo levantamento da Elos Ayta. O Ibovespa B3 ficou na sétima posição entre os 21 principais índices globais analisados pela consultoria. Mesmo assim, o índice não foi o ativo que mais se valorizou nos primeiros três meses de 2025. De acordo com o levantamento, o ouro se destacou com valorização de 19,49%, impulsionado pelo cenário global de aversão ao risco e busca por proteção.
Arthur destacou que, no Brasil, apenas 31% da população investe seu dinheiro. As pessoas são receosas com investimento porque têm medo de perder recursos. Isso se reflete no destaque ainda recaindo sobre a poupança, pelo sentimento de segurança que ela apresenta. Ele reafirma, no entanto, que há títulos bancários com o mesmo fundo garantidor, mas que pagam mais, e que tudo isso é trabalhado já no primeiro contato com o potencial cliente. “Precisamos fazer um estudo da pessoa e entender o perfil dela. Não faz sentido ter um cliente que está acostumado a vida inteira com renda fixa e propor investimento em bolsa de valores, tem que ser condizente com o objetivo dele”, disse o investidor profissional.
Com relação aos tabus do mercado financeiro, Marilaine explicou que muitos deles afastam os potenciais investidores, mas que é nesses pontos que a educação financeira, o autoconhecimento e a atuação de profissionais especializados e de confiança trabalham em conjunto para garantir o sucesso. “Investir não é só para milionários, existem opções acessíveis com liquidez diária e o direcionamento correto é o mais importante”, afirmou.
Sobre esse conhecimento, Farinha complementou que o trabalho de educação financeira é para mostrar as possibilidades. “Nem tudo é para todo mundo, por isso é necessária uma análise do perfil do cliente”, reforçou.
Seguros
O setor segurador brasileiro registrou crescimento no primeiro trimestre de 2025, mesmo diante de um cenário econômico marcado por instabilidades e juros elevados. Levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) aponta que o setor arrecadou R$ 188,8 bilhões em prêmios de seguros, contribuições para planos de previdência, faturamento com títulos de capitalização e contraprestações líquidas de saúde — alta de 5,9% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior.
Um dos principais problemas enfrentados nesse mercado, de acordo com o especialista Carlos Farinha, é a concepção de que o seguro é apenas para casos de morte ou o direcionamento apenas para bens materiais, como veículos e imóveis, sem a percepção de que é uma aplicação sobre a qual não há incidência de juros. “A ferramenta do seguro traz liquidez imediata. É um produto disciplinador: ao mesmo tempo que estou protegendo, estou deixando uma reserva para o futuro sem pagar imposto. É uma estratégia financeira inteligente”, disse.
Pensar Negócios Debate
Com exibição aos sábados, das 9h às 11h na Rádio Pelotense e pelo canal A Hora do Sul TV, no YouTube, o programa conta com o patrocínio da Associação Comercial de Pelotas (ACP); Ecovias Sul, Dale Carnegie e Mauro Motta Seguros.