Primeiro, decretou-se para depois debater. A prefeitura de Pelotas errou a ordem da abordagem de toda a questão envolvendo a regulamentação de ocupação de áreas baixas. Em um momento de crise ambiental coletiva que vivemos, bem como dificuldades econômicas, fazer os dois temas andarem lado a lado é fundamental e qualquer escorregão atrasa vertiginosamente o progresso. Precisamos construir uma sociedade que harmonize o olhar ambiental com desenvolvimento. E a base disso é o diálogo.
O texto da prefeitura dividiu opiniões e, naturalmente, a falta de conversa prévia gerou o azedume inicial com que a classe produtiva enxergou o processo. Também pudera, sem explicação, abre-se margem a amplas interpretações. Sem entrar no mérito da questão, o fato é que o setor público e privado precisam dialogar mais, sobretudo em Pelotas. No fim, todo mundo quer o desenvolvimento da cidade e termos olhares atravessados de um para outro de nada ajuda. Há que se considerar interesses e opiniões, quase sempre divergentes, nessa mesa de conversa. Mas é preciso conversar. Vocês lá, nós aqui, não leva ninguém a lugar algum.
A partir de agora, o diálogo acerca do decreto já ficou contaminado dessa confusão inicial. Antes tarde do que mais tarde ainda, a prefeitura apresentou ele para cientistas e na segunda falará com a construção civil e com políticos. Ainda assim, é difícil ver opiniões sendo mudadas de qualquer lado. Em uma discussão onde todos estão certos em determinados ângulos, fica difícil achar um equilíbrio, sobretudo se ninguém arredar o pé.
Acima disso tudo, o desenvolvimento socioambentalmente equilibrado é o fator que deve nortear os próximos passos, independente da gestão. O setor produtivo, em alguns pontos, vai ter que se adaptar depois do que vivemos no ano passado. Os gestores, por outro lado, precisam ouvir quem gera emprego, renda e riqueza para a cidade. É das empresas que vem os recursos para movimentar Pelotas. Quando todos alinham o pé para andarem juntos, a cidade cresce. Quando os narizes são torcidos o tempo inteiro, tudo trava.