O greening, principal doença da citricultura mundial, ainda não foi identificado no Rio Grande do Sul, mantendo o Estado com o status de área livre da doença. Entretanto, especialistas alertam para o risco da introdução da praga e reforçam a importância de medidas preventivas para proteger os pomares da região.
A doença, causada pelas bactérias Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas) e Candidatus Liberibacter americanus (CLam), já afetou 43 milhões de plantas nos principais estados produtores do Brasil, como São Paulo e Minas Gerais, resultando na erradicação de 220 mil hectares e prejuízos que chegam a R$ 600 milhões por ano.
De acordo com o extensionista do escritório municipal da Emater Pelotas, André Perleberg, a CLas, predominante no país, é resistente a altas temperaturas e responde por 99% das plantas infectadas, enquanto a CLam se desenvolve melhor em climas amenos e representa apenas 1% dos casos.
“O greening é transmitido pelo psilídeo Diaphorina citri, inseto de 2 a 3 mm, com coloração branca acinzentada e manchas nas asas”, explica Perleberg. Em plantas novas, a doença impede a produção; já em árvores adultas, provoca queda prematura de frutos, deformações, maturação irregular e amarelecimento das folhas, podendo levar à morte da planta.
Plano contingência
No Rio Grande do Sul, o Plano Estadual de Exclusão e Contingência busca impedir a entrada da praga, com monitoramento contínuo, barreiras sanitárias e atividades de sensibilização junto aos produtores, promovidas pelo poder público e pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (Comder).
Para se proteger, os produtores devem adotar medidas preventivas como manter a fertilidade do solo, adquirir mudas de boa procedência, monitorar regularmente os pomares e realizar o manejo das bordaduras.
O alerta fitossanitário é considerado fundamental para manter o Rio Grande do Sul livre do greening, garantindo a sustentabilidade e a produtividade da citricultura local.
Produção local de citros
A produção de citros na região de Pelotas segue em expansão. Atualmente, o município conta com 45 hectares de bergamota e 45 hectares de laranja, com expectativa de colheita de 900 toneladas de bergamota e 675 toneladas de laranja na próxima safra. Segundo Perleberg, a qualidade dos frutos está elevada, o que reforça o crescimento do cultivo na região.
Como identificar os sintomas
- Amarelecimento irregular: folhas doentes exibem manchas amareladas e mosqueadas
- Frutos verdes: os frutos não amadurecem e podem ficar deformados, pequenos e assimétricos em relação à columela central
- Diminuição na produção: redução na quantidade e qualidade das frutas
- Morte prematura: plantas afetadas podem morrer precocemente
Como se proteger
- Manutenção da fertilidade do solo: práticas agrícolas adequadas fortalecem as plantas
- Mudas de procedência: utilizar mudas sadias e de viveiros certificados
- Monitoramento regular: inspecionar semanalmente 1% das plantas em espiral, verificando a presença de adultos, ovos e ninfas nos ramos novos
- Manejo da bordadura: a maioria dos insetos e plantas infectadas está localizada a uma distância de até 200 metros da bordadura da lavoura
- Inseticidas eficazes: utilize produtos com comprovado controle do psilídeo
- Remoção de plantas infectadas: as plantas afetadas pela doença devem ser eliminadas