O Brasil poderá contar com mais duas vacinas contra a dengue em breve. Os dois imunizantes, desenvolvidos pela farmacêutica MSD e pelo Instituto Butantan com participação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), tiveram a eficácia comprovada e poderão ser liberados pela Anvisa a qualquer momento. A expectativa foi mencionada pela infectologista Danise Sena, integrante do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Escola (HE), durante entrevista ao programa Papo da Hora, da Rádio Pelotense.
Segundo Danise, os estudos foram iniciados há cerca de três anos, com a participação de cerca de 400 voluntários de Pelotas, e a eficácia foi comprovada. Sobre os próximos passos, a infectologista afirmou que não há, até o momento, uma vacina direcionada para pessoas a partir dos 60 anos. “Sabemos que a maior mortalidade é em crianças e idosos, então a pesquisa direcionada para idosos será iniciada nos próximos meses, também pelo Butantan”, garantiu.
O sistema privado de saúde já disponibiliza uma vacina contra a dengue, a Qdenga, do laboratório Takeda. Os estudos demonstram eficácia de cerca de 80% contra a doença, incluindo hospitalizações e casos graves. São indicadas duas doses, com intervalo de três meses entre elas. O Sistema Único de Saúde (SUS), ainda não incorporou um imunizante contra a dengue, em livre demanda, até o momento.
Nova cepa
Sobre a cepa de dengue identificada recentemente na Zona Sul, a infectologista explicou que a dengue do tipo 3 já circulava no Brasil. “Essa cepa pode causar casos mais graves e a dengue do tipo 1, que é mais comum, tem maior transmissibilidade, com maior potencial do mosquito passar a doença para mais pessoas”, explicou Danise.
Com relação às infecções por dengue, a infectologista afirmou que a doença pode ser contraída até quatro vezes. A região já havia registrado como circulantes a dengue 1 e 2, sendo a segunda infecção a com maior potencial de gravidade. “Quanto mais cepas circulantes, maiores as chances de ter mais de um episódio e, consequentemente, mais chances de ter um caso grave”, disse.
A automedicação também é desaconselhada pela especialista, uma vez que a ingestão de qualquer remédio com potencial hemorrágico pode ampliar a gravidade da doença.
A prevenção para esta nova cepa segue as mesmas orientações que os demais tipos de dengue, já que a transmissão também se dá pela fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti. “Do ponto de vista individual, as pessoas precisam cuidar das suas próprias casas, seus descartes de lixo e o acúmulo de água em possíveis criadouros”, destacou a infectologista.
Momento epidemiológico
A época mais crítica para o aumento no número de casos de dengue é nos períodos mais quentes do ano, com o momento epidemiológico abrangendo a partir do mês de novembro, com a baixa registrada na primeira semana de julho.
Sob influência das intempéries climáticas, cada vez mais recorrentes, junto com o acúmulo de lixo que aliados, estes fatores impactam nos criadouros dos mosquitos e alteram o ecossistema de proliferação destes. Com isso, os especialistas estimam que haja um aumento significativo no número de casos de dengue no próximo verão.