Com uma trajetória de quase 15 anos nas artes visuais, o pelotense Fernando Muswieck, o Gordo Mus, ficou conhecido pela autenticidade e pelo colorido dos graffitis, que ele cria desde 2001, muitos deles protagonizados pelo personagem Steve ou pela caligrafia, que é uma assinatura. As artes das ruas ele acrescentou a formação acadêmica em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pelotas e desde 2017, desenvolve sua arte no próprio ateliê de onde saem trabalhos que viajam para fora do país.
Entre suas pinturas internacionais estão obras em Miami, no Uruguai e na Argentina. Este ano, Gordo Mus participou de ação inédita na Casa Cor Rio Grande do Sul, que abriu espaço para a arte contemporânea, na mostra de arquitetura e design.
A tua trajetória sempre foi voltada ao mundo das artes?
Antes da faculdade, eu sempre gostei de desenhar e sempre desenhava na sala de aula. Era uma coisa que eu dava bastante atenção. Por causa disso, eu fiz a Faculdade de Artes. Mas comecei a fazer grafite, antes, na época do colégio. Me formei na Faculdade de Artes e não sei se posso dizer sorte, acho que não, mas o caminho deu certo até então. Mas a gente caminha para isso. A arte entrou na minha vida como um hobby, que hoje ainda é, mas também é profissional.
O teu objetivo pós-formatura era chegar a ser uma referência?
Tudo foi consequência. Acho que não tem errado ou certo, mas eu nunca pensei, eu vou lá, eu vou estar lá. Eu fui indo. E estou indo. E hoje eu penso: eu quero, mas até aqui veio naturalmente. A gente faz porque gosta, mesmo sendo profissional, faz porque gosta. Então só traz coisas boas. Quando tu faz sorrindo, faz aquela coisa virar leve. Aquela leveza, eu acho, que só traz coisas boas. Eu acredito muito nisso.
As tuas obras são muito coloridas. É uma marca?
Obviamente, têm trabalhos que são mais pessoais. De repente, a pessoa te pede assim ou assado. Mas é muito colorido, realmente. Eu gosto muito de levar coisas boas. Pode ser que eu, alguma hora, não consiga, mas eu acho que a cor traz isso. Eu nunca escutei de alguém assim: ‘faz artes, vai ser artista, que isso dá certo, que tu vai viver disso. É certo que tu vai conseguir.’ Nunca escutei isso. Então, a minha cabeça, desde lá, sempre tive que pensar coisas boas. Pra eu seguir com isso. Porque se eu pensasse o que me falavam, eu ia parar, ia tentar fazer outra coisa. Então, como eu tento trazer isso pra mim, consequentemente eu tento levar isso pro meu trabalho.
Como foi sua participação na Casa Cor RS? Como é que é colocar as tuas obras numa área que não é a do graffiti?
Foi muito legal. Fiquei feliz, muito feliz. Porque isso é inédito, é uma feira de arquitetura. A primeira vez no Rio Grande do Sul que se abriu espaços para artistas exporem. Normalmente, a gente participava com um arquiteto convidando, tipo assim: ‘ah, Gordo preciso de um quadro teu, tô pensando num quadro teu aqui no meu espaço’. Eu participei no espaço da Liana Delamare, com o quadro também. E depois que ela pegou um quadro meu, veio essa oportunidade. Tive que passar por uma seleção, por uma curadoria. Eu enviei o trabalho, o portfólio. Eles aceitaram. Eu vim lá da rua, da pintura, do graffiti, e cada vez que tu entra em algum espaço novo, parece que tu abre uma porta nova pra outros virem e a gente tá sempre um fazendo pelo outro. Eu acho que essa porta eu consegui abrir, então eu fiquei muito feliz por ter participado.