A noite que Veríssimo “visitou” Pelotas em um sonho

trajetória literária

A noite que Veríssimo “visitou” Pelotas em um sonho

Autor de O Analista de Bagé, o gaúcho de 88 anos tinha uma ligação singular com Pelotas, cidade que "visitou" em uma de suas crônicas e onde se apresentou com sua banda de jazz

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A noite que Veríssimo “visitou” Pelotas em um sonho
Veríssimo, junto da esposa com a banda no Rua XV (Foto: Reprodução)

O país perdeu um de seus maiores mestres da crônica, Luís Fernando Veríssimo. O escritor, que nos presenteou com personagens inesquecíveis como o “Analista de Bagé”, morreu em Porto Alegre aos 88 anos. Para Pelotas, a notícia ganha um de uma ligação curiosa e literária que o autor tinha com a cidade.

A trajetória literária de Veríssimo começou cedo, sob a sombra e o incentivo do pai, o também escritor Érico Veríssimo. Mas foi no jornalismo que ele encontrou sua voz única. Em 1969, começou a escrever crônicas diárias para o jornal Zero Hora em Porto Alegre, e em pouco tempo se tornou uma figura obrigatória nas manhãs dos leitores.
Veríssimo tinha a habilidade de transformar o cotidiano em arte. As filas de banco, as conversas de elevador, as manias políticas e as pequenas tragédias familiares eram seu combustível. Ele não apenas relatava a vida, mas a destrinchava com uma ironia sutil e um olhar humano, fazendo o leitor rir de si mesmo.
Ao longo de mais de 50 anos de carreira, sua obra se expandiu em dezenas de livros. A série “As Comédias da Vida Privada”, que inclusive foi adaptada para a televisão, se tornou um fenômeno editorial, levando a crônica a um público mais amplo. A sátira política e social encontrou seu auge em “O Analista de Bagé”, com um psicanalista que atendia a “pela de orelha” no interior gaúcho, uma crítica bem-humorada aos estereótipos regionais e à rigidez da psicanálise.

A ligação de Veríssimo com Pelotas não era de moradia, mas de pura imaginação. Em uma de suas crônicas, “Tudo começou com uma tossezinha”, o autor relata as alucinações que teve durante uma internação. Em meio à febre, ele “voou” até Pelotas. Essa menção, cheia de humor, mostrava o carinho e o lugar que a Princesa do Sul ocupava no imaginário do escritor.

Além da literatura, Veríssimo era um apaixonado por jazz e foi saxofonista da banda Jazz 6. Ele dizia que, se não fosse escritor, gostaria de ser reconhecido apenas pela música.
Foi através dela que ele e sua banda se apresentaram no Rua XV – Bar e Restaurante, ponto tradicional de Pelotas nos anos 1990.

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