Faleceu, às 6h50min de sexta-feira (29), Dom Jayme Henrique Chemello, o bispo emérito da Arquidiocese de Pelotas. Ele dedicou sua vida à religião, com quase 70 anos de atuação como padre e 56 anos de episcopado – período em que participou de vários grandes encontros da Igreja Católica. Dom Jayme deixa legado para Pelotas e para o catolicismo, ligado à questão pastoral e social, bem como aos jovens.
O bispo emérito havia completado 93 anos no mês passado e estava internado há dias no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), onde tratava uma infecção generalizada.
O velório de Dom Jayme teve início às 15h, quando o corpo foi recebido pelos fiéis e representantes da Igreja Católica na Catedral Metropolitana São Francisco de Paula. Em meio a cânticos e orações, os representantes destacaram seu trabalho e seu zelo pastoral. Outras duas missas aconteceram ainda na sexta, às 18h e às 23h.
O sepultamento ocorre neste sábado, após a missa das 7h e a Missa de Exéquias, às 9h. Dom Jayme será sepultado na Cripta da Catedral de Pelotas, onde foi pároco por 32 anos. Ele será o terceiro bispo a ser sepultado no local, junto de Dom Joaquim Ferreira de Mello e Dom Antônio Zattera.
Luto
Em nota assinada por Dom Jacinto Bergmann, a Arquidiocese de Pelotas agradeceu Dom Jayme pelo legado de fé e esperança. “Sua trajetória foi uma bênção do Senhor e inspiração a tantos e tantas. Nossa solidariedade à família e todos os amigos, rogando a Deus que conforte os corações enlutados e acolha Dom Jayme em sua paz eterna”, declararam.
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também divulgou uma nota de pesar pelo falecimento de seu ex-presidente. “Certos de que ‘a esperança não decepciona’ (Rm 5,5), rogamos a Deus pelo descanso eterno de Dom Jayme Chemello”, concluíram.
A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) decretou luto oficial por sete dias. O reitor, José Carlos Pereira Bachettini Júnior, lamentou a morte e o destacou como uma figura emblemática da Igreja de Pelotas.
A prefeitura de Pelotas decretou três dias de luto oficial. Em nota, o prefeito Fernando Marroni (PT) se despediu: “Sua presença marcou gerações de pelotenses, não apenas no campo religioso, mas também na vida comunitária, pela sua humildade e compromisso com o próximo. Que sua memória siga inspirando caminhos de solidariedade e esperança”.
A diretora do Emaús, Maria Isabel Puggina, destacou seu trabalho com a juventude. “Hoje, no dia que celebramos o martírio de São João Batista, nosso padroeiro Dom Jayme entra no reino dos céus, que ele continue intercedendo por nós, para que muitos jovens continuem sendo evangelizados”, declarou ela.
A fundadora do Emaús e do Banco Madre Tereza de Calcutá, Maria Eulalie Fernandes, ressaltou o amor do bispo emérito pela igreja, pelo cristianismo e pelas pessoas. “Ele nos ensinou a colocar Deus acima de tudo, amar o próximo como a si mesmo e nos deixou os mais belos ensinamentos: amor, misericórdia, compaixão, simplicidade e humildade”, afirmou.
História e ordenação como bispo
Dom Jayme Henrique Chemello nasceu em São Marcos no dia 28 de julho de 1932. Ingressou no Seminário São Francisco de Paula, em Pelotas, em fevereiro de 1945, e realizou os cursos ginasial e colegial. Já entre 1952 e 1954, cursou Licenciatura em Filosofia no Seminário Pontifício e, de 1955 a 1958, cursou Teologia na Pontifícia Universidade de Teologia, ambos em Buenos Aires.
Em 1958 foi ordenado sacerdote por Dom Antônio Zattera, na Igreja Matriz de São Marcos. Ele adotou como lema: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10;10). A partir de então, atuou em diversas frentes pastorais envolvendo jovens, docência, assistência e coordenação, além de ter sido reitor do Seminário São Francisco de Paula.
Ele foi nomeado bispo em 1969 pelo papa São Paulo VI. Sua ordenação episcopal teve como ordenante principal Dom Antônio Zattera e aconteceu na Catedral de Pelotas no mesmo ano. Ele assumia a função de bispo auxiliar.
Com a renúncia de Dom Antônio, em 1977, Dom Jayme assumiu como quarto bispo diocesano de Pelotas. Posição na qual ele teve ampla atuação e presença em atividades locais, nacionais e mundiais da Igreja Católica.
