Alagamentos e inundações se tornam parte do “novo normal”

Clima

Alagamentos e inundações se tornam parte do “novo normal”

Fenômenos atingiram vários municípios da região, principalmente São Lourenço do Sul

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Alagamentos e inundações se tornam parte do “novo normal”
Município registrou cerca de 200 milímetros entre sexta-feira e sábado, e 300 no total, o que gerou o transbordo do arroio São Lourenço. (Foto: Jô Folha)

Superando a média de volume de precipitação do mês de agosto em 48 horas, os pluviômetros oficiais registraram cerca de 200 milímetros de chuva entre sexta-feira (22) e sábado (23) na Região Sul. O excedente causou estragos em vários municípios, principalmente em São Lourenço do Sul, onde as inundações atingiram duas mil residências. Frente aos eventos climáticos, o coordenador Regional de Proteção e Defesa Civil, tenente-coronel Márcio André Facin, descreve o momento como “novo normal”.

A engenheira hídrica e professora da UFPel, Tamara Beskow, explica que em São Lourenço do Sul as chuvas intensas geram o chamado “escoamento superficial”, que chega rapidamente aos cursos d’água. Dessa forma, em grandes volumes, esses cursos d’água podem transbordar, ocasionando o atingimento do leito de inundação.

Para Facin, uma razão para o fenômeno pode ser a proximidade do município com mananciais hídricos, como a Lagoa dos Patos e o Arroio São Lourenço, além de ter populações às margens das águas – 1,2 mil famílias.

Ao todo, 39 pessoas precisaram sair de suas casas. Até a manhã de segunda-feira (25), ainda havia dez pessoas desalojadas e a expectativa, segundo o tenente-coronel, era de que elas retornassem às suas residências até o fim do dia.

Estragos em outros municípios

Apesar de não terem registrado desalojamentos, outros municípios também enfrentaram estragos devido às chuvas. Entre eles, estão Canguçu, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte, Piratini, Pinheiro Machado, Santana da Boa Vista e Amaral Ferrador.

Facin acredita que alguns devem entrar com pedido de emergência, como São Lourenço do Sul e Amaral Ferrador. “Os chefes dos Executivos estão avaliando as circunstâncias e nós estamos aguardando essas avaliações para tomarmos as nossas providências”, conta.

Outra bacia que recebeu volumes significativos foi a do Rio Camaquã, em Cristal. De acordo com Tamara, a bacia registrou a oitava maior cota de inundação em 60 anos, chegando a 7,67m.

Alagamentos X Inundações

A engenheira hídrica destaca a diferença entre alagamentos e inundações. Isso porque a inundação ocorre quando um rio transborda e invade áreas próximas, enquanto o alagamento é o acúmulo de água em áreas urbanas.

Ela explica que os alagamentos ocorrem porque, muitas vezes, diante de chuvas intensas, os sistemas de drenagem apresentam falhas estruturais e operacionais, além de poderem falhar por estarem obstruídos, devido ao descarte inadequado de resíduos sólidos.

Além disso, Tamara afirma que o aumento na frequência das chuvas intensas tem evidenciado que os atuais sistemas de drenagem são muito pequenos, diante dos novos padrões climáticos.

Prevenção

Por estarmos vivendo um período de emergência climática – chamado por Facin de “novo normal” –, o tenente-coronel aponta para a mudança de comportamento e pensamento da população. “Nós temos que nos adaptar a ele, melhorando nossa capacidade de monitoramento e, principalmente, o nosso trabalho preventivo”, acrescenta. Também destaca o cuidado com o meio ambiente, melhora na ação de resposta para cuidar das pessoas atingidas e avanço na capacidade de reconstrução.

Para Tamara, as ações imediatas envolvem o monitoramento hidrometeorológico, além de alerta e ativação de planos de contingência, a fim de preservar vidas e minimizar os danos causados pelo desastre.

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