Pacificação em Pelotas encerra Revolução Federalista no Rio Grande do Sul

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Pacificação em Pelotas encerra Revolução Federalista no Rio Grande do Sul

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Há 130 anos

A assinatura da paz em 23 de agosto de 1895, em Pelotas, encerrou oficialmente a Revolução Federalista. O acordo, celebrado entre representantes legalistas e federalistas, pôs fim a mais de dois anos de lutas que devastaram o Rio Grande do Sul e tiveram repercussão nacional. O anúncio foi recebido com entusiasmo, e a cidade tornou-se palco de festejos populares.

A guerra começou em 1893, após a posse de Júlio de Castilhos como presidente do estado. A oposição ao castilhismo, somada às tensões políticas e sociais, resultou na invasão do território gaúcho pela coluna maragata de Gumercindo Saraiva, em 2 de fevereiro daquele ano, e da proclamação, três dias depois, do General João Nunes da Silva Tavares, para a luta armada contra Castilhos, relembra o pesquisador Miguel Frederico do Espírito Santo, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, autor do artigo A paz de 23 de agosto de 1895: Terminou a Revolução Federalista – Pelotas em regozijo indescritível.

Três dias depois, o general João Nunes da Silva Tavares foi proclamado líder da luta contra Castilhos. A violência rapidamente se espalhou pelo estado e, com a convergência da Revolta da Armada, alcançou também Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro.

Federalistas ou chimangos apoiavam o governo. (Foto: Reprodução)

Relatos da época descrevem invasões de propriedades, execuções sumárias, degolas coletivas e saques. Episódios como os do Rio Negro e do Boi Preto ficaram marcados pela brutalidade.

Virada da guerra

A morte de Gumercindo Saraiva, em agosto de 1894, enfraqueceu os federalistas. No fim do ano, apenas pequenos grupos resistiram na campanha gaúcha. O general Joca Tavares refugiou-se no Uruguai, enquanto o almirante Saldanha da Gama tentava manter o movimento vivo.

Em janeiro de 1895, ele retornou ao Rio Grande do Sul, mas acabou morto em combate em junho, no Campo Osório. Sua derrota acelerou as negociações pela paz.

No plano político, o presidente Floriano Peixoto chegou a articular propostas de anistia em troca da rendição dos revolucionários, mas não obteve avanços.

Com a posse de Prudente de Morais, em novembro de 1894, a pacificação tornou-se prioridade. O novo governo nomeou o general Inocêncio Galvão de Queiroz para conduzir as tratativas.

Em julho de 1895, uma conferência em Pedro Osório aproximou Galvão de Queiroz e Silva Tavares.  Encontro que resultou na paz.

A paz em Pelotas

Após a assinatura da Ata da Pacificação, Galvão de Queiroz telegrafou ao presidente Prudente de Morais anunciando o fim da guerra e descreveu: “regozijo indescritível” da população.

As comemorações ultrapassaram os limites do estado. Em 19 de setembro, o governo concedeu anistia aos federalistas e aos marinheiros da Revolta da Armada.

“O entusiasmo popular extravasou os limites do Rio Grande do Sul: a guerra civil não era apenas uma guerra gaúcha, que em determinado momento se estendeu a Santa Catarina e ao Paraná e convergiu com a Revolta da Armada enlaçando o Rio de Janeiro. Era um movimento de repercussão nacional. As festas pela Paz, em todo país, se prolongaram por mais de um mês”, relembra Espírito Santo. Em Pelotas, uma réplica da placa original que registra o ato de paz está em prédio da rua 15 de Novembro, 902, onde hoje funciona a escola Érico Veríssimo.

Fonte: artigo do pesquisador Miguel Frederico do Espírito Santo, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul; Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas

Há 50 anos

Embaixador italiano é recebido com honras militares em Pelotas

O embaixador da Itália, Carlo Enrico Giglioli, foi recebido com honras militares, ao som dos hinos nacionais da Itália e do Brasil. Em agosto de 1975, o ilustre visitante iniciou a programação de sua visita oficial a Pelotas com uma passagem pela prefeitura, onde foi recebido pelo então prefeito Ary Alcântara.

O embaixador extraordinário e plenipotenciário italiano foi hospedado no Tourist Parque Hotel. Embora oficialmente o programa tenha começado no dia 24, na noite anterior, Carlo Enrico Giglioli e o prefeito Alcântara tiveram um encontro especial, porém o tema da conversa não foi divulgado.

O italiano estava acompanhado por sua comitiva, integrada pelo cônsul geral da Itália, Renato Rabby; consulesa Lúcia Rabby. Ainda no município, Giglioli foi recebido por Branca Dias Mazza, na colônia de férias dos funcionários da loja Mazza, e recebeu uma placa que assinalou o centenário da imigração italiana ao Rio Grande do Sul. O presente foi entregue pelo presidente da Comissão do Centenário, Geraldo Dias Mazza, que ainda recebeu o embaixador no sítio Santa Rita para um jantar, no dia seguinte.

Giglioli também visitou a Câmara de Vereadores, onde foi recebido com sessão solene. À noite participou de jantar oferecido pelo prefeito, no Clube Comercial. Ainda foi a uma missa na Catedral.

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