Avaliação preliminar da Defesa Civil aponta para situação de emergência em São Lourenço do Sul

Alerta Climático

Avaliação preliminar da Defesa Civil aponta para situação de emergência em São Lourenço do Sul

Até o início da noite deste sábado 37 pessoas tiveram de ser encaminhadas ao abrigo montado na comunidade de Nossa Senhora de Fátima, por causa do transbordamento do arroio São Lourenço

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Avaliação preliminar da Defesa Civil aponta para situação de emergência em São Lourenço do Sul
Águas do arroio invadiram a área urbana no início deste sábado (23) (Fotos Jô Folha)

O transbordamento do rio São Lourenço na madrugada deste sábado atingiu duas mil residências na área urbana de São Lourenço do Sul. Até o início da noite 37 pessoas, incluindo crianças, haviam sido encaminhadas para o abrigo da comunidade Nossa Senhora de Fátima e 22 desalojadas. A situação de emergência motivou uma reunião no meio da tarde, entre o prefeito, Zelmute Marten (PT), o secretariado, a Defesa Civil Estadual, o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar do município e a secretária Estadual de Saúde, Arita Bergmann, para que a situação fosse avaliada e novas providências fossem tomadas. De acordo com dados a Coordenadoria Regional da Defesa Civil, o município teve um acumulado de chuva, nas últimas 48 horas de 194.8 milímetros.

Mais de 30 pessoas foram encaminhadas ao abrigo da prefeitura

Na avaliação do Chefe da Casa Civil, Coronel Luciano Chaves Boeira, que esteve presente na reunião, ainda não é uma situação de “Calamidade pública”, como avaliou o prefeito ainda pela manhã. O coronel afirmou que o cenário atual se enquadra como uma “situação de emergência”.

Segundo Boeira, a avaliação preliminar aponta para um cenário que, embora recorrente, permite que as demandas municipais sejam atendidas de forma eficiente. O foco inicial é o atendimento e o cuidado com as pessoas afetadas. “Neste momento, ainda de forma preliminar, me parece que é uma situação de emergência. Mas estamos aqui com toda a nossa equipe, com uma Defesa Civil melhor estruturada, para dar todo o suporte para o município nessas primeiras horas do evento”, afirmou.

O chefe da Casa Civil destacou que a equipe de resposta permanecerá na cidade o tempo que for necessário. O coordenador Regional de Proteção e Defesa Civil, tenente-coronel Márcio André Facin, e sua equipe ficarão no município ao menos até segunda-feira para continuar o trabalho de monitoramento e auxílio.

Reforço Estratégico na Defesa Civil

Boeira aproveitou para ressaltar a nova capacidade de resposta da Defesa Civil do Estado, um resultado da reestruturação e do aumento do efetivo. “Até o final do ano passado, a Defesa Civil tinha em toda a região sul apenas dois servidores militares. Hoje, com a aprovação de 102 novos cargos na Assembleia Legislativa, contamos com uma outra capacidade de resposta”, explicou.

O tenente-coronel Facin, que antes contava com apenas dois militares na região, agora tem o apoio de sete profissionais, entre bombeiros e policiais, para dar suporte contínuo aos municípios. Essa ampliação de recursos faz parte da estratégia do governo para enfrentar eventos climáticos de forma mais robusta e resiliente, permitindo uma ação mais ágil e eficaz nas primeiras horas de uma crise.

A Defesa Civil do município começou a atuar às 5h da manhã deste sábado, após verificar a rápida expansão do arroio São Lourenço do Sul. Integrantes da pasta tiveram de bater em muitas casas para avisar aos moradores o perigo iminente. Na rua São João, por exemplo, na localidade da Lomba, a água do arroio avançou 20 metros em pouco mais de duas horas.

Por volta das 16h30min a situação era  de estabilidade e o arroio começava a baixar. “Estamos aqui para apoiar o município, que está trabalhando unido conosco, mobilizado em toda a sua estrutura para atender a população. Nós vamos ficar aqui até quando for necessária a nossa presença para apoiar o município”, fala o tenente-coronel Facin.

Águas se elevaram rapidamente

O morador Fábio Wickboldt disse que começou a monitorar a elevação do arrio por volta das 5h, às 7h, teve que retirar a mulher e a filha pequena. A expectativa dele é de conseguir voltar para casa neste domingo para avaliar os prejuízos. “Quando eu saí estava com cerca de 70 centímetros de água dentro de casa”, fala preocupado. O prefeito, Zelmute Marten, confirmou que a cidade já estava em alerta e se preparava para o aumento do volume de água. Marten destacou que a gestão municipal tem focado em uma estratégia de “resiliência climática”, uma resposta direta aos eventos extremos recorrentes que o município enfrenta. 

Sistema de plantão

O prefeito informou que, a partir da previsão de chuvas intensas, a prefeitura, em conjunto com a Defesa Civil Regional, o Corpo de Bombeiros, a Brigada Militar e a UFPel, montou um sistema de plantão. “Nós já tínhamos a previsão de um volume de chuvas bastante intenso e, na sexta-feira às 21h, gravamos a primeira mensagem para a nossa comunidade, alertando para a gravidade”, disse.

Ainda de acordo com Marten, a resposta da equipe foi imediata, com resgates de pessoas em situação de saúde delicada e acompanhamento da população desde as primeiras horas da crise. O prefeito também ressaltou a articulação com diferentes esferas de governo, incluindo o governador Eduardo Leite, a Defesa Civil Nacional, secretários de estado e deputados federais, que estão acompanhando a situação de perto.

O prefeito detalhou os impactos nas áreas mais afetadas, como os bairros Sete de Setembro, Nova Esperança, Camponesa e parte da comunidade Navegantes. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, cerca de 1.200 famílias vivem no entorno do Arroio São Lourenço, resultando em prejuízos significativos para os moradores.

Defesa Civil Estadual vai monitorar a situação ao menos até segunda-feira

Além das perdas urbanas, a zona rural também sofreu grandes danos. Com uma malha de 2.800 quilômetros de estradas, 350 pontes e 850 bueiros, a maioria da infraestrutura rural foi danificada, gerando um prejuízo considerável que será avaliado a partir de segunda-feira. “Todos os prejuízos em todas as localidades serão documentados para inserir essas informações no sistema da Defesa Civil Nacional”, afirmou Marten.

Apesar da gravidade da situação, o prefeito confirmou que, no momento, a cidade se encontra em uma “situação de emergência”, conforme sugerido pela Defesa Civil Estadual. A proposta de decretar calamidade foi inserida no sistema por causa dos “prejuízos vultosos” que a cidade terá, buscando garantir o apoio do Estado e da União para a recuperação completa da infraestrutura.

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