“A minha relação com os quadrinhos é quase de sobrevivência”

ABRE ASPAS

“A minha relação com os quadrinhos é quase de sobrevivência”

André Macedo - cartunista e professor da UFPel

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“A minha relação com os quadrinhos é quase de sobrevivência”
André criou o Betinho, que ganhou estátua na praça Coronel Pedro Osório ao lado da Mafalda (Foto: Acervo Pessoal)

Um dos pioneiros no desenvolvimento da área de animação na região, o cartunista André Macedo marcou gerações com os personagens Libório e Betinho nos gibis distribuídos em escolas de Pelotas. A relevância do trabalho de Macedo para a cidade é tamanha que o Betinho foi eternizado em uma escultura junto com a Mafalda como ponto turístico na praça Coronel Pedro Osório. Atualmente o cartunista é responsável por formar outros animadores na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Como foi o início no mundo da animação?

Eu comecei a fazer animação sozinho, passava as noites em claro desenhando, e fi z a primeira série de animação para a T V
Cultura em Porto Alegre. Uma série animada sobre as tias do Libório, que eu publicava no jornal.

A partir dai eu mobilizei algumas pessoas ligadas aos quadrinhos e montamos um estúdio. O nosso primeiro curta-metragem O jogo do osso, foi premiado no Festival de Gramado com menção honrosa. A minha relação com os quadrinhos é quase de sobrevivência. Eu tinha dificuldades de me relacionar, era ansioso e era muito mais potente para mim me relacionar com histórias em quadrinhos.

Como foi o teu processo criativo para a criação dos principais personagens?

Os personagens surgem de um desabafo e de uma necessidade absolutamente individual. Eu procurei aliar uma necessidade de me expressar, com entender que esse personagem ia ser lido. O Libório é um personagem violento e para justificar a violência vem o fato dele ser muito burro, com dificuldade de articular e ponderar.

Já o Betinho nasceu como um contraponto ao Libório. Ele começou no caderno infantil do jornal e foi ganhando mais espaço, com isso eu coloquei um pouco mais de filosofia e de poesia.

E o Betinho foi eternizado em escultura com a Mafalda na Prefeitura, como é isso para você?

Foi um momento muito especial porque a medida que o tempo passa a tendência é de que os personagens sejam esquecidos, então o Betinho ali na praça consolida no imaginário da cidade o que aconteceu naqueles 20 anos de publicação. E eu percebi uma curiosidade quanto ao meu trabalho. Para as pessoas conhecerem os personagens eu estou fazendo uma antologia com todas as publicações em um livro que eu pretendo lançar no ano que vem.

Como surgiu o projeto Garapa, com a produção de gibis para as escolas?

Foi o nosso projeto de maior repercussão na medida que mobilizava as crianças nas escolas. A ideia é que elas tivessem esse apreço pela leitura recorrente porque o projeto era periódico. Nós conseguimos mobilizar cartunistas de todo país, inclusive, o Ziraldo. Para mim foi extremamente gratificante esse projeto. Foram cerca de 40 mil exemplares distribuídos, era uma espécie de recorde de publicação.

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