A esporotricose, zoonose transmitida de animais para humanos, está em crescimento em Pelotas e já preocupa autoridades de saúde. Atualmente, o município contabiliza 81 gatos em tratamento e 19 pessoas diagnosticadas com a doença. Na última semana, a prefeitura, através da Secretaria de Saúde, emitiu a Portaria 007/2025 que dispõe sobre a notificação compulsória de casos ou diagnósticos com suspeita ou confirmação.
A diretora de Vigilância da SMS, Vera Neto, juntamente com a veterinária Isabel Madri, responsável pelo programa municipal de vigilância, explicam a importância da notificação dos casos, obrigatória desde 2024. “Pelotas foi o primeiro município a implementar um programa específico de vigilância da esporotricose, em 2013. A notificação é fundamental porque permite chegar mais cedo tanto ao paciente humano quanto ao animal, garantindo um tratamento mais precoce e eficaz”, destaca Vera.
Desde então, foram 1.773 notificações recebidas pelo setor. Foi observado que, até 2021, a média de solicitações anuais de atendimento era de 104 passando para 207 nos últimos três anos. Para prevenir ou conter a expansão da micose contagiosa, a Vigilância em Saúde intensifica atividades para conscientização da população a respeito da guarda responsável de animais e amplia a divulgação de informativos sobre a doença.
Segundo Isabel, no gatil municipal há dez animais em tratamento, dois já curados e disponíveis para adoção. “As lesões de esporotricose podem ser facilmente confundidas com ferimentos causados por brigas ou até mesmo com outras doenças. O tutor deve suspeitar quando o felino apresentar feridas ulceradas e sanguinolentas que não curam. Aqui no Centro de Controle de Zoonoses nós disponibilizamos a coleta de amostras das lesões de felinos com suspeita de forma gratuita e realizada no domicílio do animal sob agendamento. Essas amostras são enviadas para o Laboratório de Micologia da Famed/Furg para realização de exame micológico que é o padrão ouro para o diagnóstico da esporotricose”, explica a veterinária.
Em humanos, os pacientes são atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e encaminhados para o hospital da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), que é especialista nesse tipo de tratamento, ou mesmo que tem prescrição de medicamentos, pode fazer através da Farmácia Popular. O medicamento utilizado é o antifúngico itraconazol.
A doença é causada por fungo e se manifesta, principalmente, por feridas em extremidades como orelhas, cabeça, patas e cauda dos animais, que não cicatrizam. “Se alguém tem gato em casa e percebe alguma lesão que não melhora, deve levá-lo imediatamente ao veterinário, que fará a notificação à vigilância. Quanto antes iniciar o tratamento, mais rápida é a cura”, orientam a diretora e a veterinária.
A transmissão para humanos ocorre principalmente por arranhaduras e mordidas, embora o ambiente contaminado também possa representar risco. “É uma doença delicada, que causa sofrimento ao animal e pode atingir pessoas. Por isso, a prevenção e a informação são essenciais”, reforçou Isabel.
O alerta da Secretaria de Saúde é para que a população esteja atenta a sinais suspeitos nos animais de estimação e busque atendimento o quanto antes, evitando a disseminação da zoonose. O Centro de Controle de Zoonoses realiza vigilância epidemiológica e ambiental de casos suspeitos em humanos e animais e as notificações podem ser encaminhadas pela população via WhatsApp (53) 99964.7827, e-mail [email protected] ou de forma presencial à rua Lobo da Costa, 1.764, sala 122, Centro.