Há 95 anos
Pelotas aguarda com grande expectativa desfecho de julgamento de dois importantes políticos locais
Um julgamento duplo, no Rio de Janeiro, foi motivo de muito assunto na comunidade de Pelotas em agosto de 1930. No banco dos réus, dois proeminentes políticos pelotenses, o deputado federal e ex-ministro da Agricultura, Ildefonso Simões Lopes (1866-1943) e seu filho, o engenheiro agrônomo Luís Simões Lopes (1903-1994). A acusação era de assassinar o deputado pernambucano Manuel Francisco de Sousa Filho.
O crime aconteceu no dia 26 de dezembro de 1929, na Câmara dos Deputados, naquela época, no Rio de Janeiro. Após uma discussão, o parlamentar pernambucano Manuel Francisco de Sousa Filho ameaçou apunhalar Luís Simões Lopes. A agressão aconteceu após uma discussão entre Sousa Filho e o ex-ministro, quando o filho do gaúcho interviu na briga.

Ildefonso atirou no deputado Sousa Filho (Foto: Reprodução)
Contrariado, o pernambucano ameaçou Luís Simões Lopes com uma faca. Os gaúchos e o desafeto se envolveram em uma luta corporal. Ildefonso sacou uma arma e atirou no pernambucano. O ferimento levou Sousa Filho à morte. Presos na ocasião, pai e filho foram absolvidos por unanimidade em agosto de 1930, sob o argumento de legítima defesa.
Destaque na imprensa
Na época, o julgamento do crime, iniciado no dia 13 de agosto, foi destaque em todos os grandes jornais do país e, claro, na imprensa local, que dava a notícia do júri no dia 12. “Entrará em júri amanhã, o deputado Simões Lopes. Só poderão entrar na sala do júri as pessoas que tenham cartão de ingresso. Também não poderá entrar ninguém que conduza armas…”, publicou o jornal A Opinião Pública.
A defesa foi liderada pelo famoso advogado e político porto-alegrense Plínio de Castro Casado (1870-1964), que adotou a tese de legítima defesa, provada pelos seguintes fatores: ausência de provocação que ocasionasse a agressão; impossibilidade de recorrer ou receber auxílio da autoridade pública; agressão atual e inferioridade de armas.
Tese e contradições
A tese foi refutada pelo acusador particular, doutor Francisco Alexandrino de Albuquerque Mello, que falou após o promotor Max Gomes de Paiva. O advogado lembrou detalhes que precederam o crime e acentuou os pontos mais convenientes à acusação. Também apontou contradições da defesa.
A principal contradição, segundo Mello, era dizer que Simões Lopes alvejou Souza Filho enquanto o pernambucano lutava contra seu filho. Para o acusador o pelotense não faria isso, porque correria o risco de atingir Luís Simões Lopes. “Cessara a legítima defesa, quando Souza Filho, prostrado já no chão, quando se escondia atrás de uma bancada não oferecia mais nenhum perigo. A arma, a este último, emperrou , Simões Lopes deveria ter raciocinado um pouco. Mas não o fez. Conserta a arma e alveja de novo”, descreveu Mello.

Luís Simões Lopes
trabalhou ao lado
de Getúlio Vargas (Foto: Reprodução)
Entretanto, os jurados acataram a tese da defesa por unanimidade. A notícia chegou ao município no dia 14 via telégrafos e foi muito celebrada pelos correligionários e familiares dos acusados. O próprio Plínio Casado enviou um telegrama para o médico pelotense Edmundo Berchon, logo após dada a sentença: “Doutor Berchon – Pelotas. Júri Capital Federal ouvindo voz eloquente cem mil habitantes desse município absolveu grande brasileiro Simões Lopes fazendo justiça…Abraços Plínio Casado”.
Fontes: A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; A Batalha; wikipedia.org; Arquivo Nacional Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
Há 25 anos
Pianista internacional faz recital no Conservatório
O Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas recebeu o pianista porto-alegrense Alexandre Dossin. Na época, o concerto do instrumentista, radicado nos Estados Unidos, integrou as celebrações do aniversário de 31 anos da UFPel.
No programa Dossin executou obras de compositores como Mozart, Robert Schumann, Sergei Prokofiev, Chopin e Liszt.

Dossin recebeu o título de Embaixador do RS (Foto: Reprodução)
Quando veio a Pelotas, em 11 de agosto de 2000, Dossin tinha 29 anos de idade e 24 como pianista. Colecionador de prêmios, solidificou uma carreira internacional, o que lhe valeu o título de Embaixador do Rio Grande.
A deferência foi concedida pelo governo do Estado. Atualmente é professor assistente de piano na Universidade de Oregon e realiza concertos e recitais pelos Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense