Nos próximos dois anos, o pesquisador Leonardo Dutra estará à frente da condução da Embrapa Clima Temperado, composta por quatro estações experimentais. Segundo o engenheiro-agrônomo, o foco central de seu mandato será dar continuidade a pesquisas voltadas a mitigar os impactos das mudanças climáticas na agricultura e na pecuária. Entre os principais temas estão a produção de bioinsumos, o cultivo sustentável e o aumento da resiliência das plantas por meio do melhoramento genético.
“Nós precisamos de intervenções fortes, decisivas, e que haja um comprometimento real das instituições com as questões ligadas às questões climáticas efetivamente”, disse, logo após retornar do evento Diálogos Pelo Clima, uma agenda preparatória da Embrapa para a COP 30. Dutra ressalta que a unidade Clima Temperado desenvolve diversas ações voltadas ao fortalecimento da agricultura diante das intempéries e à recuperação de áreas degradadas, que serão estimuladas em sua gestão.
A plataforma Recupera Rural RS é um dos exemplos. A iniciativa integra as unidades da Embrapa na construção de plano de ações emergenciais e estruturantes para apoiar a recomposição de paisagens e a recuperação agroprodutiva sustentável do Rio Grande do Sul. Com a parceria de várias instituições, a Recupera Rural RS foi elaborada como uma resposta para os impactos da enchente de maio de 2024 no Estado.
“Nós tivemos diagnóstico no campo, verificamos os principais acontecimentos, deslizamentos, enchentes, fizemos o mapeamento em várias bacias hidrográficas, e agora estamos implantando unidades de referência tecnológica para, efetivamente, criarmos métricas e índices de sustentabilidade”, afirma.
Sustentabilidade
Conforme o chefe-geral da Embrapa, o desenvolvimento da agricultura de base biológica é outra estratégia adotada em convergência com as adaptações às mudanças climáticas. Nesse eixo, vem sendo promovida a migração para o uso de bioinsumos como alternativa aos adubos convencionais. Além de mais sustentáveis, os insumos podem diminuir a dependência de importação dos produtos. “Nós temos bioinsumos que também são estimulantes do crescimento de plantas, então são ferramentas importantes”.
O pesquisador destaca outras iniciativas sustentáveis da Embrapa, como a adaptação de cultivares de arroz a ciclos mais curtos na região e a adoção de manejos que reduzem o volume de água utilizado na irrigação. “Também temos um trabalho forte com pastagens aqui na unidade, considerando principalmente como técnica conservacionista, cobertura do solo o ano inteiro”.
Cultivares adaptadas com melhoramento genético
Além do desenvolvimento de novas cultivares com intervalo menor entre o plantio e o início da colheita, proporcionando um período de produção maior e maior rentabilidade econômica aos produtores, inovações como o morango fênix têm sido criadas também com maior resistência às intempéries. “Nós já temos levado outras cultivares de morango, inclusive com adaptação para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e até Nordeste”, cita.
Com o programa de melhoramento genético aprimorado pela Embrapa, Dutra salienta a geração de plantas com maior tolerância a temperaturas quentes e com resiliência a déficits hídricos. Ou seja, adaptadas para o desenvolvimento mesmo em estiagens. “São duas condições hoje que são as principais em termos de mudanças climáticas: aquecimento e falta de água. Isso é muito importante como adaptação e resiliência”.
Mandato
O pesquisador Leonardo Ferreira Dutra substitui o pesquisador Waldyr Stumpf Junior, que ocupava a chefia-geral interinamente desde 16 de novembro de 2023. Seu mandato será de dois anos, prorrogável uma vez por igual período.
