Assim como o mercado de arroz, a utilização de bioinsumos será um dos grandes temas do 8° Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, que começa nesta terça-feira (12) e segue até sexta-feira (15), em Pelotas. Destaque do primeiro dia, a conferência magna “Semeando conhecimento, alimentando o Brasil” será ministrada pelo consultor da Fiergs, Paulo Herrmann.
O arroz representa menos de 1,5% da área agrícola brasileira, mas fornece a principal caloria para 70% da população. Conforme o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Giovani Theisen, trata-se de um sistema de produção estratégico para a segurança alimentar do país.
O presidente da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai), André Andres, ressalta que o evento existe para reforçar a importância da pesquisa. “Tudo o que temos em área cultivada, produtividade e qualidade do grão começou com a pesquisa”, afirma.
A programação contará com a apresentação de resultados de 240 pesquisas. Em melhoramento genético, o método CRISPR deverá atrair interesse, assim como o tradicional espaço para apresentação de novas cultivares. “São cultivares que agregam ao sistema produtivo, como tolerância a doenças e maior produtividade”, explica Theisen.
O mercado do arroz, com foco no aumento do consumo interno, será a principal pauta do primeiro dia. Andres adianta que pesquisadores europeus apresentarão experiências para estimular o consumo do cereal. “Do Brasil, teremos exemplos de inclusão do arroz na merenda escolar. Da Europa, especialmente da Itália, serão apresentadas formas alternativas de uso do produto”, complementa.
Outro tema de destaque será a utilização de bioinsumos, cuja demanda vem crescendo. A pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, vencedora do World Food Prize — conhecido como o “Nobel da Agricultura” — abordará o assunto em palestra na quinta-feira, às 13h30.
Questões climáticas e seus impactos na produção de arroz também fazem parte da agenda. “A Embrapa lidera projetos para avaliar os efeitos das mudanças climáticas e formas de mitigá-los”, informa Andres.
Minicursos
Estão previstos três minicursos: uso do aplicativo PlanejArroz, com descrição e acompanhamento de 41 cultivares utilizadas no RS; análise de mercado do arroz; e manejo e fertilidade do solo em lavouras irrigadas. “As inscrições já estão encerradas. Além da parte científica, buscamos oferecer momentos para aplicação prática”, diz Theisen.
Evolução da pesquisa
Como a edição anterior ocorreu durante a pandemia de Covid-19, houve represamento de estudos, explica Theisen. “Em relação a anos anteriores, aumentou o número de trabalhos e a qualidade se mantém alta. Na área de manejo, analisei mais de 70 pesquisas com temas muito interessantes”, relata.
Andres acrescenta que o desenvolvimento de uma nova cultivar leva de oito a dez anos, desde a ideia até o lançamento. “É um crescimento contínuo. Nas últimas 12 edições, a produção de arroz por hectare mais do que triplicou”, afirma.
Sucesso de público
A 13ª edição do congresso conta com 512 inscritos, sendo 10% estrangeiros. Mais da metade dos pesquisadores vêm de fora de Pelotas, com destaque para a participação de uruguaios e argentinos, além de representantes da Colômbia, Estados Unidos (Flórida), Itália e Paraguai.
Durante o evento, será realizada a Assembleia da SOSBAI para prestação de contas dos dois últimos anos e apresentação da nova diretoria, que assume em dezembro de 2025 e será responsável pela organização do próximo congresso.
O evento acontece no SESI, na Av. Bento Gonçalves, 4.823. É obrigatório o uso de crachá para ingresso nas salas e circulação pelo Centro de Eventos.
A programação completa está disponível no site, onde também é possível fazer inscrições. No dia 14 de agosto, haverá o jantar oficial no Clube Brilhante, por adesão, com ingressos disponíveis no mesmo site.