Mães atípicas protestam contra cortes de benefícios

Manifestação

Mães atípicas protestam contra cortes de benefícios

Em ato organizado pela Amparho, manifestantes afirmam que suspensão do BPC compromete os tratamentos e sobrevivência das famílias

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Mães atípicas protestam contra cortes de benefícios
Ato contou com a presença de mães, algumas com seus filhos autistas, e apoiadores da causa. (Foto: Nátalli Bonow)

Um grupo de mães atípicas se reuniu em frente à agência do INSS para protestar contra a suspensão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) na manhã de ontem. O ato, organizado pela Associação Amparho, contou com a presença de mães, algumas com seus filhos autistas, e apoiadores da causa.

O BPC é destinado a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda, mas, segundo as manifestantes, as recentes reavaliações do INSS têm resultado na suspensão indevida do benefício, afetando famílias cuja renda depende exclusivamente dele.

Entre elas está Luciane, mãe de Marco Antônio, que teve o benefício bloqueado e precisou passar por nova perícia. Apesar de já ter sido restabelecido, o período sem o auxílio trouxe dificuldades. “A partir do momento em que ele foi bloqueado, faltou na nossa mesa”, relata.

Além de Luciane, outras mães também relataram o corte de benefícios. Cássia Machado, mãe solo de um adolescente autista de 15 anos, afirma não ter condições de trabalhar sem uma rede de apoio. “A gente não tem outro meio de vida, com quem que a gente vai deixar os filhos especiais para trabalhar? É injusto, tem mães que recebem benefícios há anos e suspenderam, o que elas vão fazer agora sem o dinheiro? Como vão viver, sobreviver?” questiona.

Cássia também critica a exigência de novas perícias médicas, mesmo com laudos já emitidos. “Se tem o laudo que comprova que a criança é autista, é direito dela receber o benefício como pessoa com deficiência” defende.

Falta de explicações

A falta de critérios claros e contextualizados é outro ponto que revolta. Daiane Machado, mãe de Adrian, que tem 14 anos, teve o benefício do filho cortado após uma entrevista de menos de dois minutos. “Só perguntaram a idade dele. Depois veio a justificativa que estão falando para todos: avaliação biopsicossocial contrária à manutenção do benefício. Mas ninguém explica o que isso quer dizer.”

Além disso, mudanças nas classificações médicas também não possuem uma explicação clara. “Antes na folha era grave, moderado e moderado. Agora veio moderado, grave e leve. Não tem lógica” afirma Daiane. O corte interrompeu o tratamento de Adrian, que realizava terapia semanal. “Eles querem cortar os que são leves, mas só quem vive sabe que de leve não tem nada”.

Carla Furtado Duarte, mãe solo de gêmeos autistas de 13 anos, teme perder o benefício. Um deles, Tauã, é não verbal e precisa de atenção constante. “Eu sou mãe solo, não tenho como trabalhar e não ganho nada do pai deles, cuido dos dois sozinha. Se me tirarem esse benefício, vou dar o que pros meus filhos?” questiona.

As mães pedem que o INSS reveja os critérios de reavaliação, dê mais transparência ao processo e respeite os laudos de especialistas.

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