O mercado brasileiro de arroz, impactos da produção internacional localmente, aumento dos custos de produção e consumo do cereal foram temas explorados durante o primeiro dia de atividades do 13° Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado. O diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS), Tiago Barata, apresentou um panorama sobre formação de preço durante o minicurso Análise de Mercado de Arroz na tarde desta terça-feira (12).
O tema serviu de base para um encontro que reuniu estudantes de agronomia, representantes da indústria de beneficiamento e produtores rurais, interessados em compreender melhor os fatores que influenciam o comportamento do mercado. “A formação do preço é um conjunto de fatores. Trabalhar de forma estratégica contribui para maximizar resultados e minimizar riscos”, destacou Barata.
Segundo ele, o mercado do arroz sofre muita intervenção e segue sendo restrito. “Não existe livre operação, existe intervenção do governo devido sua importância nutricional”, explicou. O diretor afirmou que os custos de produção vêm aumentando ano a ano, enquanto produção vem se tornando maior do que o consumo no Brasil.
O Rio Grande do Sul continua como líder absoluto na produção nacional, respondendo por mais de 70% do volume colhido no país. Barata, porém, alertou que a competitividade do produto gaúcho enfrenta pressões crescentes. “Hoje, a concorrência não vem só do produtor vizinho, mas também de países do Mercosul, que têm custos menores e conseguem colocar o arroz no Brasil a preços competitivos. Isso impacta diretamente a formação do preço interno”, observou.
O dirigente frisou que o valor pago atualmente ao produtor está abaixo ao custo de produção, o que exige atenção redobrada na busca de alternativas. “A redução do consumo está atrapalhando a equilíbrio da balança. Quando falamos que o preço está baixo, não necessariamente é devido ao estoque alto, ou preço alto, ou produção alta. Pode ser também relacionada ao consumo baixo, ou tudo ao mesmo tempo”, explicou o diretor-executivo sobre a complexidade para realizar a análise do mercado.
Barata também ressaltou a importância de monitorar permanentemente tendências de consumo e de comércio exterior. “O mercado muda rapidamente. É preciso entender o comportamento do consumidor, investir em qualidade e buscar diferenciais para competir”, concluiu.
Programação desta quarta-feira
Nesta quarta-feira (13), o Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado contará com a realização de dois programas da Rádio Pelotense: o Debate Regional, das 9h às 11h; e o Conexão, das 11h às 12h. Os jornalistas Jarbas Tomaschewski, Pedro Petrucci e Fabiano Conte farão a transmissão de seus programas direto do evento.
Dentro da programação do Congresso, dois grandes painéis temáticos irão ocorrer. Pela manhã, o foco estará no mercado do cereal, com debates sobre consumo interno, tendências internacionais e estratégias para ampliar a presença do arroz na mesa dos brasileiros.
Entre os convidados, está o pesquisador italiano Massimo, do Instituto Italiano de Pesquisa, que apresentará experiências europeias para valorizar cultivares e incentivar o consumo, incluindo iniciativas ligadas à gastronomia, como o trabalho de “sommelier do arroz”. Representantes brasileiros também participarão do painel, com destaque para a especialista Basri, abordando o cenário do mercado nacional e as oportunidades para o setor.
No turno da tarde, as atenções se voltam para o painel de avanços no melhoramento genético do arroz, que trará novidades sobre o uso de tecnologias como o CRISPR para o desenvolvimento de cultivares mais produtivas e adaptadas. Participam do debate a pesquisadora Maria Alvarez, do CIAT, na Colômbia; Ângela Meta, da Embrapa, reconhecida internacionalmente na área; e representantes do Irga. A programação inclui ainda a Assembleia da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbae).
O 13° Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, que segue até sexta-feira em Pelotas, reúne pesquisadores, produtores, indústrias e representantes de entidades do setor para debater tecnologia, sustentabilidade e oportunidades de mercado para o cereal.