Celebrar e valorizar os saberes ancestrais que envolvem a confecção dos tradicionais doces de frutas e mostrar o potencial turístico de Morro Redondo motivam a 7ª edição da Festa do Doce Colonial. O evento acontece neste domingo (10), a partir das 10h, na praça 12 de Maio, bem no centro da cidade. Entre as atrações estão, claro, a doçaria e o artesanato locais, além de apresentações artísticas e culturais de origem alemã e pomerana.
Mas o foco do evento são os doces coloniais, reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio material e imaterial do Brasil. São saberes e fazeres que integram a tradição doceira da Região de Pelotas e Antiga Pelotas – Morro Redondo, Turuçu, Capão do Leão e Arroio do Padre. Esses municípios tiveram suas típicas iguarias inseridas no Livro de Registro do Patrimônio Imaterial, na categoria dos saberes, em 15 de maio de 2018.
E é essa tradição, um dos atrativos do roteiro turístico Morro de Amores, criado há 11 anos, que recebe a atenção da comunidade neste domingo. A realização da festa surge de uma parceria entre: Associação dos Empreendedores de Turismo (AETMore), Roteiro Morro de Amores, prefeitura, Secretaria de Desenvolvimento Rural e Turismo (SMDRT) e Emater-RS. “É uma festa feita com muito amor e muito carinho para divulgar a nossa cidade, valorizar o nosso saber doceiro, os nossos artesãos e os produtores de produtos coloniais. Esse é o intuito. Queremos colocar Morro Redondo nos holofotes”, fala a doceira Priscila Danda, Chefe do Núcleo Administrativo da SMDRT, integrante da AETMore e da comissão organizadora da Festa.
A chefe do Núcleo da Cultura, da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto, Sabrina Waltzer, também lembra que existe um grupo que atua na salvaguarda do fazer do doce colonial. Por isso o município se autointitula Terra do Doce Colonial.
Resgate e visibilidade
Além desta, o Roteiro Morro de Amores tem ainda outras duas festas anuais. “Para dar visibilidade a quem não tem essa porta aberta. Para os nossos produtores de produtos coloniais terem essa oportunidade de expor, poder vender a fazer a economia girar através dessas festas”, fala Priscila.
Sabrina Waltzer comenta que as festas promovidas pela Associação de Turismo, apoiadas pela prefeitura, surgiram também para resgatar antigos eventos de Morro Redondo, que estavam desativados. “Eram eventos famosos antes mesmo de Morro Redondo se tornar município, em 1988. Assim temos agora a cultura dentro do turismo, valorizando as manifestações culturais”, fala Sabrina.
Quem for à Festa terá a oportunidade de ver doceiras reproduzindo as antigas técnicas manuais, o uso de utensílios herdados, como o tacho de cobre e a colher de pau, na produção dos doces em calda e das chimias, geleias e doces de frutas em pasta.
Além destes, os expositores levarão ao público iguarias como as passas de pêssegos, as cucas e os embutidos, tipicamente coloniais. Heranças de uma mistura entre as culturas pomerana e alemã, dos primeiros moradores daquela região na Serra dos Tapes, unida à fruticultura que começou a se estabelecer por lá ainda no início do século 20.
A própria Priscila é uma das expositoras e seu produto é a cuca de origem alemã. As receitas ela recebeu de herança, transcritas em um caderninho da bisavó. “Eu sou uma aprendiz. Recebi esse caderninho com receitas centenárias, por isso eu digo que o meu produto é um pedaço da minha história”, comenta.
Doce de leite
Recentemente algumas agroindústrias descobriram outra vocação do município. Os doces artesanais derivados do leite de vaca. Entre os destaques está o premiado Doce de Leite com Café, produzido pela Agroindústria João de Barro, de propriedade de Maria Elena Nieves Corrêa e David Armendaris.