Diariamente, cerca de quatro mil pessoas realizam a travessia por balsa entre as cidades de Rio Grande e São José do Norte. Nesta semana, a empresa responsável pelo serviço, a Transnorte, anunciou a redução nos horários do transporte, causando indignação aos usuários, e posicionamentos de autoridades e representantes das duas cidades.
A alteração na tabela de horários entrará em vigor na próxima segunda-feira, 11. Com relação ao cronograma atual, haverá a redução de seis horários, tanto nos dias úteis quanto nos finais de semana e feriados.
É esperada a publicação do edital para o processo licitatório, que irá regular o serviço de transporte de passageiros entre Rio Grande e São José do Norte, ainda no segundo semestre deste ano. Até o momento, a Transnorte segue operando em caráter emergencial.
O trecho é percorrido em cerca de 30 minutos, em condições normais, e a tarifa é de R$ 5,95 para público em geral, R$ 3 para idosos e gratuita para crianças de até cinco anos de idade.
Em pronunciamento na Assembleia Legislativa gaúcha, o deputado Halley Lino de Souza (PT) afirmou que remeteu os novos horários para a Agergs e ao Ministério Público para que tomem providências sobre a atuação da Transnorte. “Não é possível admitir tamanho desrespeito praticado pela empresa. Vamos trabalhar para ter a licitação, que é a única forma de corrigir esta verdadeira distorção”, disse na tribuna.
Prefeitura é contrária à redução
Em nota, a Prefeitura de São José do Norte manifestou-se de forma contrária à ação da empresa. Por conta das decisões contratuais da travessia entre as duas cidades serem remetidas ao lado nortense, o serviço é definido como essencial para a mobilidade da população e para o desenvolvimento do município.
O executivo nortense afirma que tem atuado ativamente junto à empresa e aos órgãos competentes (Metroplan e Agergs), buscando, não apenas a manutenção, mas a ampliação da oferta de horários e a realização da licitação do transporte hidroviário. “Reduzir horários é ir na contramão das necessidades do município. Estamos reivindicando a ampliação dos serviços, melhorias nos terminais e mais modernidade no atendimento. Não concordamos com retrocessos em um serviço tão essencial para todos os nortenses”, disse o prefeito Neromar Guimarães (*B).
O município também afirma que seguirá acompanhando de perto a situação e cobrará soluções que priorizem o interesse público e o bem-estar dos nortenses.
O que diz a empresa
A Transnorte afirmou que a medida se faz necessária para a redução de custos operacionais, com o objetivo de preservar a sustentabilidade e a continuidade do serviço prestado. O desequilíbrio tarifário acumulado nos últimos anos, segundo a empresa, reforça a necessidade das alterações.
“A empresa segue aberta ao diálogo junto aos órgãos competentes em busca de soluções viáveis para a atividade”, afirma a nota.
Licitação
Em junho, a Metroplan, um dos órgãos responsáveis pela regulação da travessia hidroviária entre Rio Grande e São José do Norte, afirmou que o edital para a licitação do transporte de passageiros estava 90% concluído.
O processo licitatório compreenderá apenas a travessia aquaviária por lanchas, sem incluir as balsas que realizam o transporte de veículos.
Questionada sobre a redução dos horários praticados pela Transnorte, a Metroplan não retornou ao contato até o fechamento desta reportagem.
Demandas dos passageiros
Ainda em junho, a Metroplan promoveu uma ação de fiscalização e contagem de passageiros em todos os horários de operação das lanchas, com o intuito de verificar, in loco, os dados de demanda informados pela empresa operadora Transnorte.
As principais reclamações dos usuários eram a condição das lanchas, os horários reduzidos de travessia e o pagamento apenas em dinheiro.
A modernização nas formas de pagamento é outra demanda recorrente dos passageiros. Atualmente, as passagens devem ser adquiridas nos terminais hidroviários de Rio Grande e São José do Norte, no momento do embarque e com pagamento apenas em dinheiro. Há a possibilidade de adquirir a bilhetagem eletrônica por meio do Cartão Transnorte, com recargas feitas por pix, transferência ou depósito bancário. O pedido da prefeitura é que o pagamento nos guichês também inclua a possibilidade de pix e cartões de crédito e débito.
