Inteligência Artificial: da ficção científica à medicina de precisão com efeito aqui

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Inteligência Artificial: da ficção científica à medicina de precisão com efeito aqui

Professor da UFPel discute os avanços e dilemas éticos da nova tecnologia

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Inteligência Artificial: da ficção científica à medicina de precisão com efeito aqui
Professor Paulo Roberto Ferreira Junior é especialista no setor (Foto: Henrique Risse)

O fascínio pelos robôs e pela ficção científica desde a infância moldou a trajetória do professor Paulo Roberto Ferreira Junior, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Sua paixão se transformou em uma carreira dedicada à Inteligência Artificial (IA), uma área que, segundo ele, vive um verdadeiro “boom” nos últimos anos.

“Desde que eu fui para a graduação, no curso de informática da UFPL, tive contato com a área e comecei a pesquisar. Depois fiz mestrado, doutorado e até pós-doutorado com inteligência artificial”, explica o professor.

Embora a IA já fosse uma ferramenta presente em diversos sistemas de computação, a popularização de modelos de linguagem como o ChatGPT e o Gemini nos últimos anos aproximou essa tecnologia do grande público. Para o professor Paulo, essa evolução abriu portas para aplicações em áreas antes inexploradas, como a saúde de precisão.

Em um novo grupo de pesquisa na UFPel, criado e liderado por ele, a equipe tem focado na aplicação da IA no diagnóstico e tratamento de doenças, principalmente aquelas relacionadas ao DNA. O termo “precisão” é fundamental nesse contexto, pois a tecnologia permite análises extremamente específicas e personalizadas para cada indivíduo.

Um exemplo prático desse trabalho é a classificação de tumores do sistema nervoso central. A equipe da UFPel desenvolveu uma ferramenta de IA que analisa o DNA de células cancerígenas e classifica o tumor entre 91 tipos possíveis, superando a eficiência de uma técnica utilizada mundialmente.

O professor explica que essa ferramenta não substitui o médico, mas atua como um apoio essencial. A ideia é que os profissionais usem a ferramenta para confirmar ou complementar suas análises, não para substituí-las.

Além do trabalho com tumores, o grupo de pesquisa de Paulo Roberto tem um projeto com financiamento do Ministério da Saúde. O objetivo é desenvolver uma ferramenta de IA para o SUS que realize um “screening” do DNA do paciente, identificando propensões a certas doenças, como o câncer.

“A gente espera que daqui a uns dois, três anos, a gente tenha uma ferramenta desenvolvida na UFPel que vai permitir que o médico diga: olha, tu tens uma propensão a um determinado tumor”, explica.
A democratização do acesso a essa informação é o principal motor do projeto, permitindo que o diagnóstico precoce. O professor cita o caso da atriz Angelina Jolie, que fez uma cirurgia preventiva após descobrir uma alta propensão genética ao câncer de mama. Apesar do uso sofisticado na medicina, a IA já faz parte do dia a dia das pessoas há muito tempo, muitas vezes sem que elas percebam.

“Há muito tempo, quando você pede um empréstimo no banco ou na loja, é uma IA que está analisando o teu crédito”, exemplifica o professor. “O Waze, o Google Maps, eles sempre usaram técnicas de inteligência artificial. A gente que nunca interagiu com a IA diretamente”.

Essa interação direta, que agora é possível através de modelos de linguagem, foi o que tornou a IA mais visível. Outro exemplo claro são os aspiradores de pó robôs, que utilizam a tecnologia para mapear e limpar ambientes, e os carros autônomos. “Eu defendi minha tese de doutorado em 2008 e já tinha muita coisa rodando de IA no mundo”, relembra.

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