A adoção de uma gatinha com FIV, o vírus da imunodeficiência felina, em 2019, motivou Elleonora Borges a iniciar o Resgateira, um projeto voluntário para acolher gatos com FIV e com FeLV, o vírus da leucemia felina. Hoje, Elleonora cuida de 13 gatinhos e conta com a ajuda de doadores para manter o tratamento e a alimentação dos felinos. Informações e doações podem ser encaminhadas através do Instagram do projeto: @res.gateira.
Como surgiu o teu projeto?
Eu criei o projeto em 2020, mas em 2019 eu fiz o meu primeiro resgate. Eu encontrei uma gatinha que precisava de ajuda e levei para tratamento. Ela tinha esporotricose e também foi positivada para FIV. Então comecei a estudar sobre isso e descobri como os gatos continuavam na rua por conta da FIV, porque as pessoas não querem ou não tem como cuidar, ou porque já têm outro gato e não tem como misturar com os gatos saudáveis. Então tu te vê num momento em que não sabe o que fazer, porque não tem onde colocar, não tem um órgão que te apoie, só tem a boa vontade. Eu fui tratando ela e uns dois meses depois encontrei outro que tinha a mesma doença. Quando vi, as pessoas estavam descobrindo que eu ajudava gatos com FIV e me procurando para ver se os gatos que eles tinham encontrado podiam ficar comigo, porque não podiam deixar dentro de casa. O Zeus, que eu resgatei em 2019, está comigo até hoje tendo FIV e passado pela esporotricose, então não é o susto que todo mundo acha. Tem a oportunidade de ter uma vida saudável, principalmente se cuidar bem. É preciso estar atento aos sinais, tu vai ver que ele vai dar uma diminuída na comida, vai ficar mais cabisbaixo, aí é a hora de levar no veterinário.
Como as doenças são transmitidas?
A FIV é transmitida por briga, por arranhadura, por mordida, ou na hora da reprodução. É muito fácil uma gata pegar por conta de estar solta no cio. A FeLV é transmitida de outras formas, por secreção em gatos que dividem o mesmo pote, que se lambam. Se teu gato sai no pátio, o gato que vem da rua toma no potinho de água ou se lambem entre si. A expectativa de vida de um gato com FeLV é de mais ou menos dois anos.
Por que é tão difícil de cuidar?
O que deixa as pessoas muito comprometidas com isso é o fato de tu acordar para a fatalidade de que logo logo ele vai partir. É um tratamento muito difícil porque a FeLV, por exemplo, se manifesta de várias formas. Pode ser um linfoma, pode como a FIV diminuir a imunidade. Então tu tem que correr, porque quanto mais tu segura, menos chance tem de salvar.
Como funciona o teu trabalho?
Eu tento acolher a pessoa que resgatou o gato com toda boa vontade e dar um lar para eles. Eles não vão ser doados, eles estão comigo porque infelizmente ninguém quis ou ninguém pode. Para quem não tem condições, mas quer ficar com o gato, a gente tenta pelo menos proporcionar o tratamento, como se fosse um apadrinhamento por meio das doações.
Como as pessoas podem ajudar?
Tem pessoas que doam mensalmente R$ 50 como apadrinhamento, e assim a gente vai juntando para ração, areia e para emergenciais. Temos o Apoia.se, em que a pessoa faz a assinatura e ajuda com quanto quiser. Quando não tem essa reserva, tem muita gente que desde o início ajuda quando é preciso.