A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) recebeu executivos da companhia chinesa CNOOC International. A empresa será a responsável pela exploração de um dos blocos da Bacia de Pelotas, uma fronteira emergente na indústria de petróleo e gás do Brasil. A CNOOC busca fazer investimentos no Brasil em instituições de ensino e pesquisa localizadas fora do eixo Rio-São Paulo.
A reitora Ursula Rosa da Silva recebeu os representantes da companhia, acompanhada da direção do Centro de Engenharias, da coordenação do curso de Engenharia de Petróleo e outros gestores da Universidade. Durante o encontro, foram apresentadas as expertises da UFPel e ideias para contribuir no desenvolvimento da Bacia de Pelotas, atacando os desafios existentes.
A CNOOC sinalizou interesse e, como próximo passo, será desenvolvida a formalização das propostas, detalhando etapas, custos, infraestrutura e outros aspectos. Em outubro, representantes da Universidade deverão participar da Conferência de Tecnologia Offshore – OTC (Offshore Technology Conference), no Rio de Janeiro, e visitar a CNOOC para concretizar essa segunda etapa. “Foi uma reunião muito produtiva”, resumiu o coordenador do curso, professor Forlan Almeida.
Segundo a empresa, o estabelecimento de parcerias e identificação de projetos de pesquisa nos quais possa investir são movimentos estratégicos para impulsionar a inovação e o desenvolvimento local. Essa iniciativa visa aplicar 1% do lucro gerado pela produção de petróleo em fomento à pesquisa e desenvolvimento, cumprindo a regulamentação brasileira que incentiva a inovação e o avanço científico no setor de óleo e gás.
A expectativa é que os investimentos da empresa na Universidade permitam a aquisição de materiais para organização de laboratórios que possam fomentar estudos e pesquisas em temas vinculados à indústria petroquímica.
A Bacia de Pelotas
Localizada na costa dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no sul do Brasil, a Bacia de Pelotas compartilha semelhanças geológicas com a Bacia de Orange, na Namíbia, onde importantes descobertas de hidrocarbonetos foram feitas. Essas semelhanças decorrem de uma história geológica compartilhada, quando a América do Sul e a África estavam unidas como parte do supercontinente Gondwana, há aproximadamente 115 a 120 milhões de anos. Embora a Bacia de Pelotas historicamente tenha tido baixa atividade exploratória, sem descobertas confirmadas de hidrocarbonetos em 12 poços perfurados anteriormente, estudos recentes e os sucessos na Namíbia reacenderam um interesse significativo.
A Bacia de Pelotas é considerada crucial para a segurança energética do Brasil, particularmente porque a produção dos campos do pré-sal deve diminuir após 2030, necessitando a exploração de novas fronteiras. A fase exploratória atual na Bacia de Pelotas deve continuar até 2031, com perfurações adicionais para confirmar potenciais reservas.